Um pouco por toda a ilha de São Tomé mas sobretudo nas zonas mais a sul, marcadas por um micro-clima tropical que produz uma vegetação luxuriante, a recolha de “vinho” de palma é um traço importante dos comportamentos locais. Essa bebida, fortemente fermentada, oferece diariamente a “bebedeira” que muitos procuram. Não é portanto de admirar que exista uma vasta mão-de-obra, independente e colectiva, a recolher o néctar da palmeira.
Trata-se de uma tarefa fisicamente exigente e que envolve um risco constante. Há homens que caem das árvores, para não mais serem encontrados. A cobra negra, de picada mortal, é uma ameaça constante. E, para aumentar os riscos, muitos destes indivíduos trabalham sozinhos, internando-se na selva para ganharem o seu pão de cada dia. Talvez por isso, desenvolveram um interessante método de comunicação, rudimentar, baseado na emissão de um forte som gutural que se propaga a uma certa distância, funcionando como um chamamento ou pedido de ajuda. Uma espécie de farol das selvas.