Cidade de “Um Portugal e Meio”, com espaço demasiado pequeno para ser um país, mas demasiado grande para cidade. E por isso, a deixamos um dia mais cedo. Embora a Catarina não ache, eu penso que é demasiadamente grande. Diariamente andámos mais de 20 kms com a sensação de percorrermos apenas um bairro ou dois. Para terem uma ideia mais objectiva, do aeroporto ao centro são quase 3 horas de autocarro. Comparativamente é como ir de Lisboa ao Algarve. Da casa onde fomos recebidos, perdão, muito bem recebidos, demorávamos cerca de 2 horas para chegar ao centro. E o local onde vivíamos aparece no mapa turístico da cidade.
Atravessar a estrada é como fazer um desporto radical; a adrenalina aumenta. Principalmente quando queremos atravessar a mais larga rua do mundo – a Avenida 9 de Julho. Esta Estrada com “E” maiúsculo tem 8 faixas para cada lado, onde passam mais de 3 milhões de viaturas diariamente. Um verdadeiro caos.
Mas como tudo tem os dois lados, o melhor é a diversidade cultural que a cidade tem: a disparidade entre Puerto Madero, o bairro mais sofisticado da cidade, com uma agradável reserva ecológica já ali ao lado, e La Boca, com as suas cores berrantes que nos chocam a cada metro que se avança, decorada com casais a dançar tango e artesãos a fazerem o seu ganha-pão. Aqui também é o bairro onde se situa o famoso estádio do Boca Juniors. Para quem não entenda muito de futebol, este foi o clube para o qual jogou Diego Maradona, “El rey de la copa del mundo”.
Entre outros, achamos muita graça ao facto de os cães serem melhor tratados que o regular porteño – o alfacinha local. Aqui há mais cabeleireiros para cães do que padarias. Aliás, existe uma profissão que é o “passeador de cães”, visto que os donos não têm tempo para tal. E cada “passeador” têm pelo menos 10 cães, algo que nos surpreendeu bastante.
O povo argentino, em si, embora muito ocupado e stressado no seu dia-a-dia, não deixa de ser amável quando tem de o ser. Sempre que pedíamos alguma informação, todos eles, sem excepção, se predispuseram a ajudar, ainda que algumas das vezes a informação não fosse a mais correcta. Compreensível face ao tamanho da cidade.
No dia de hoje encontramos um português. Um português que vive cá e que nunca tinha encontrado outro português em Buenos Aires, nem em toda a América Latina. Acho que lhe demos alegria, a qual ele também soube retribuir.
– Português só trabalha e trabalha. Tem filho, trabalha e trabalha, e quê!? – dizia. Alguns são Felizes, mas a maioria nem por isso. Vida só há uma e temos que aproveita-la bien porque é curta.
Por isso, também ele andava a viajar pela América Latina e recentemente tinha assentado em Buenos Aires mais a namorada, também ela porteña.
No final do dia vimos a marcha semanal que se realiza há mais de 40 anos das “madres de mayo” que não sabem de seus filhos desaparecidos, devido a actos revolucionários contra a ditadura da época. No final do dia, e para relaxarmos do tráfego da babilónia, fomos ao museu das belas artes. Pequeno, mas agradável.
O melhor de tudo foi começar a conhecer pessoas locais. Conviver com a Ana, colombiana e o Fer, argentino de River Plate, que nos acolheram e nos fizeram sentir em casa; onde jantámos diariamente acompanhados sempre de conversas amigáveis, cómicas e culturais, que nos fazem viajar ainda mais e cada vez mais vezes.
Ricardo, eu na América do Sul, incluindo Buenos Aires, raramente me senti inseguro. E mesmo onde nao me senti tão seguro, tive quase a certeza que nada me iria acontecer. Porque quem nao deve nao teme. E esse lugar era um lugar de deveres. Como estava de passagem, os locais nao se metem no pior dos sentidos com os demais. Vai a viagem
Gostava de receber algum “feedback” sobre o sentimento de segurança ou insegurança em Buenos Aires… o que se pode fazer e o que não se pode fazer…. e essas coisas assim.