Algumas das refeições que referi são acompanhadas, ora por cervejas artesanais, ora pelos vinhos fantásticos da região de Mendoza, San Juan ou Salta. Nós, europeus, gabamos o nosso vinho. É certo que é bom. Mas o argentino e o chileno não fica nada atrás. Muitas das castas são europeias: Malbec, Chardonnay, Syrah, Sauvignon, Merlot, são apenas alguns dos exemplos. A diferença é que aqui tem o toque da cordilheira dos Andes, elemento fulcral para a qualidade presente nestes vinhos.
Por último, temos o mate: a bebida que está para os argentinos como o chá preto está para os ingleses ou como o chá de menta está para os marroquinos. Embora todos eles sejam mais que uma bebida quente, o mate é ainda mais. O mate é sempre servido numa taça de madeira, mas as pessoas não bebem por ela. Tem uma bombinha – como aqui se chama – que é uma espécie de palhinha de metal. A acompanhar a taça e a bombinha, há o recipiente onde está a água quente que serve para encher e reencher a taça de madeira, sempre que esta se vazar, coisa que acontece rapidamente. Continuando com a parte espiritual do processo, tomar mate é mais do que um costume: é ritual; tem as suas regras. Sempre que um grupo de amigos se junta, toma-se o mate. A pessoa que o faz é a mesma que o serve e partilha. O servidor serve-se primeiro a si e toma a primeira dose, que por norma é a mais forte. Volta a encher e passa para outra pessoa; esta pessoa assim que termina, devolve a taça ao servidor para que este a reencha e passe a outra pessoa. E assim sucessivamente, dando várias voltas dentro do grupo. Depois, quando uma pessoa estiver satisfeita e não quiser prosseguir, só precisa de agradecer para se excluir de ser servida. Ao agradecer, o servidor subentende de imediato que a pessoa não deseja tomar mais mate. Nada mais simples.
O mate é tomado a toda a hora do dia menos à noite. Cada argentino toma por norma 2 litros de mate por dia, sendo que a quantidade varia de pessoa para pessoa. O servidor que fizer o melhor mate é reconhecido no grupo como tal. É bem tratado pelos demais. Mas só por fazer um bom mate? É verdade! Porque fazer mate tem a sua ciência, reclamam. Não se pode deixar queimar a erva, porque perde o sabor, nem deixar que esta empape. Em suma, nem todos sabem fazer na perfeição o mate.
Outras característica muito interessante em todos estes comeres e beberes, é o facto de muitas vezes serem partilhados entre pessoas, enquanto estas vêm ou ouvem um bom jogo de futebol.
Assim é a Argentina.
“Vemo-nos” no Chile.
Sem Comentários