Ouro Preto (a 100km de Belo Horizonte-MG) foi declarada pela Unesco patrimônio da humanidade em 1980 e é a primeira cidade brasileira a receber esse título. Do mirante do campus principal da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), no Morro do Cruzeiro, você consegue visualizar de uma só vez todo o complexo barroco da cidade, só que também se enxergam as casas recentes, meio amontoadas pelos morros afora, então a sensação que se tem é de uma leve poluição visual. Como as autoridades levaram um tempo para perceber o crescimento desorganizado da cidade e criar leis que o impedissem, quando observamos Ouro Preto de determinados mirantes, a visão não é puramente de uma cidade histórica.
A partir do mirante da Casa dos Contos, sim, pode se ter uma visão desejada e apreciável. No século 19, toda moeda que circulava no país era feita nesse prédio, localizado, não sei se coincidentemente, na rua popularmente conhecida entre os moradores como “rua dos bancos”, a Rua São José. A Casa dos Contos é o único museu do Brasil de entrada gratuita que funciona todos os dias. Além de casa de fundição de moedas, foi também uma prisão. Contém exposições de moedas antigas do Brasil, objetos e documentos antigos. O inconfidente Cláudio Manuel da Costa suicidou-se nesse prédio, mas há rumores de que, na verdade, alguém o suicidou.
Para descobrir mais sobre a Inconfidência Mineira, esse importante recorte da história não só de Minas Gerais, mas também do Brasil, visite o Museu da Inconfidência, que também possui um grande acervo de objetos religiosos e cotidianos, que ajudam a contar a história da Inconfidência Mineira. Sobre o Panteão dos Inconfidentes, inaugurado em 1942 para consagrar a ação cívica aos participantes da Inconfidência Mineira, somente estão sepultados os inconfidentes que foram repatriados, a pedido do presidente Getúlio Vargas. Até 2011, o espaço abrigava uma lápide vazia, em homenagem aos conspiradores que não foram encontrados. No entanto, nesta lápide agora estão sepultados Domingos Vidal de Barbosa, João Dias da Mota e José de Resende Costa, que foram recentemente identificados após estudos. Um painel computadorizado e interativo tornam a visita um pouco mais lúdica. A entrada inteira custa R$10,00 ([currencyr amount=10 from=brl to=eur]) e o museu só abre das 12h às 18h, de terça a domingo.
Em Ouro Preto, é proibido fotografar o interior das igrejas. No entanto, é possível burlar as regras se você entrar durante um casamento ou uma missa. No último caso, é preciso ser ainda mais discreto. No adro da Igreja do Carmo, está o Museu do Oratório (R$5,00 – [currencyr amount=5 from=brl to=eur]), com mais de 160 oratórios e 300 imagens. O problema é que os museus seguem essa mesma regra chata. Tanto essa igreja quanto esse museu estão logo atrás do Museu da Inconfidência, então dá pra se gastar um dia todo nesse complexo, sem precisar subir e descer todas aquelas ladeiras. Se sobrar tempo, você estará a apenas uma quadra do Largo do Coimbra, onde estão a feira de pedra-sabão e a Igreja São Francisco de Assis, uma das mais importantes obras feitas pelas mãos do artesão, operário, arquiteto Aleijadinho. Já as pinturas, a maioria é de seu parceiro de trabalho, Manuel da Costa Ataíde. Em Ouro Preto e região, o artesanato que você mais encontrará para levar de lembrança é o de pedra-sabão. No Largo do Coimbra, as obras são de todos os tamanhos, com preços variando de R$1,00 a milhares de reais, e que agradam a todos: esculturas românticas, abstratas, de times de futebol, de animais, além de porta joias, porta retratos, jogos de damas e xadrez.
Os horários de funcionamento, preço da entrada e outras informações sobre igrejas e museus ouropretanos citados ou não neste texto você obtém no site http://www.museusouropreto.ufop.br/. Mas, só de andar pela cidade, você já se sente num museu ao ar livre. Em 2005, foi inaugurado o projeto Museu Aberto Cidade Viva – instalaram placas explicativas com texto em português e em inglês nas fachadas das residências e prédios que carregam importância histórica pra cidade, principalmente as igrejas.
Depois de bater perna por todo esse conjunto de ladeiras barrocas, sugiro almoçar no Restaurante Acaso 85, R$36,00 ([currencyr amount=36 from=brl to=eur]), buffet livre de comida mineira (com sobremesa) ou R$39,50 ([currencyr amount=39,5 from=brl to=eur]) o quilo. A começar pelo chão da recepção, a beleza interna do restaurante impressiona. A localização também é ótima – no largo da Igreja Nossa Senhora do Rosário e a poucas quadras da Igreja Nossa Senhora do Pilar, essa última a mais impressionante na opinião da maioria dos visitantes e também dos moradores. Mas, se você estiver com pouca grana e for época das aulas da universidade, pode ir a algum restaurante da Ufop (são dois em Ouro Preto e um em Mariana) e pagar menos de R$4,00 ([currencyr amount=4 from=brl to=eur]) pelo almoço no “bandeijão”.
Seguindo o costume das igrejas de ter um museu anexo, na Igreja Nossa Senhora da Conceição está localizado o Museu do Aleijadinho. Muitas das belezas que vemos na cidade são graças a esse ouropretano, que, dizem, depois de sofrer com a atrofia das mãos, perdeu vários dedos no fim da vida e trabalhava usando só o polegar e o indicador. Ele trabalhou muito a pedra-sabão e várias das suas obras podem ser vistas também em Congonhas, a 80 km de Belo Horizonte.
Se você não tiver tempo de visitar todas as igrejas, dê prioridade para a Nossa Senhora do Pilar, com várias obras feitas por Aleijadinho. Anexo, há um museu de arte sacra, aberto de terça a domingo. Outros artistas também participaram da ornamentação desse e outros santuários de Ouro Preto, mas Antônio Francisco Lisboa (seu nome de batismo) é o mais lembrado. Teoricamente – repito – os interiores das igrejas não podem ser fotografados, mas uma foto discreta durante uma missa passa batido. Tsc Tsc, desobedecendo a lei em plena casa de Deus… Mais prático. Já está no lugar certo pra cair de joelhos e pedir perdão.
:: Escrito de acordo com a ortografia brasileira ::
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