Montreal é uma cidade que consegue reunir arte, moda, indústria, música, natureza, gentes e culturas. Ao chegar, depois de uma viagem de sete horas, é impossível não sentir que se está numa outra realidade, que em nada se assemelha a nossa vida neste pequeno recanto do Mundo. Montreal é uma cidade de excelência, aqui não há presa, não há rudez nem antipatia. Pelo contrário, e não querendo exagerar na perfeição, a vida é vivida com calma, com alegria e simpatia, existe esperança e sonhos, existe um lugar para cada um.
O centro antigo de Montreal é lindo! O velho e o novo misturam-se em harmonia, existe uma mistura de estilos arquitectónicos, influência das duas culturas que por aqui passaram – a francesa e inglesa. E apesar de só conhecer esta metrópole durante os meses de Verão, não é difícil de imaginar que terá igual beleza no Inverno, com as suas ruas cobertas de neve. Mas, nesta altura do ano cuidado com as baixas temperaturas, pois o termómetro chega a atingir os 24ºC negativos ou até valores mais baixos. Durante o Outono, as ruas enchem-se de cores quentes e os contrastes são predominantes por onde quer que se passe. Nas grandes áreas urbanas, os inúmeros parques reservam uma natureza quase intocável, criando um padrão mesclado que vai mudando conforme a estação do ano. É exuberante!
No centro de Montreal não podemos deixar de visitar a praça Place Jacques-Cartier, um dos lugares mais populares de Montreal. A praça fica no coração da antiga cidade e foi construída na primeira metade do século XIX. Cafés, músicos, mágicos, ilusionistas e pintores entretêm os turistas durante os meses de verão. Na Rua dos Artistas, Rue Saint Amable, é possível observar e comprar todo o tipo de obras de arte originais e únicas. A poucos metros desta praça é possível encontrar o restaurante “Mondavie”, onde podemos fazer uma deliciosa e requintada refeição. Nas suas salas acolhedoras, o requinte não é restrito apenas à apresentação dos pratos, mas também na sua confecção. Cada prato é um desafio ao paladar e olfacto. É impossível não ficar hipnotizado com a mistura e delicadeza dos sabores que nos apresentam em 30 cm de diâmetro. No piso superior deste edifício é ainda possível, em dias particulares da semana, apreciar uma refeição ao som de música ao vivo. De seguida é possível fazer um pequeno passeio até ao porto pela rua Promenade du Vieux-Port, relaxando e apreciando a magnífica paisagem que se tem para a Ilha de St. Helen e confirmar as horas no Quai de l’Horloge. Não esquecendo o Cirque du Soleil, aqui com residência fixa, a agitação nesta zona é constante.
As ruas da velha Montreal são o paraíso dos artistas. Existem ruas em que existem galerias de arte “porta sim, porta sim”. É muito fácil ficar perdido no centro de tantas atenções, pelo que não é nada fácil decidir em qual entrar em primeiro lugar. Mas depois da primeira é impossível não percorrer os corredores da segunda, terceira, quarta… A variedade, originalidade e honestidade com que nos convidam a conhecer os novos e velhos artistas de todo o mundo é uma constante. Posso dizer que perdi a noção do tempo em algumas destas ruas.
Mas Montreal é, também, o paraíso dos ecologistas, biólogos e afins.
Durante o Verão, aqui em Montreal, o mundo saí à rua para aproveitar os poucos meses que tem de sol. As actividades ao ar livre inundam as ruas e a cidade de vida. Nesta altura do ano a palavra de ordem é “OUTDOOR”. Sendo uma cidade com origens francesas, Montreal acolhe vários festivais de música francófona e ainda o maior festival de Jazz do Mundo. As ruas enchem-se de cultura e inúmeros animadores, representando a história da cidade, passeiam-se abordando e dando a conhecer aos turistas uma história rica e diversa. E em Montreal sê montrealense! Numa quente tarde, porque não dar um passeio de bicicleta até à Ilha de St. Helen, parte do Parque Jean-Drapeau? É muito prático e cómodo andar de bicicleta! Montreal tem uma rede ciclável enorme e com diversos pontos para recolha / depósito de bicicletas, do qual podemos usufruir por um valor simpático e com uso do cartão de crédito. Ainda, a oferta de locadoras particulares é muito grande e a preços acessíveis. A viagem até à ilha de St. Helen não é curta, mas é fantástica.
A panorâmica sobre a cidade é magnífica e à medida que nos aproximamos da ilha começamos a entrar numa dimensão verde e bem real. E do meio da paisagem verde ergue-se a Biosphère, uma das mais importantes edificações da arquitectura contemporânea, símbolo da Expo 67 e que hoje representa o Museu do Ambiente. O edifício do Museu ergue-se no meio da redoma, quase oculto pelo esqueleto da estrutura da esfera. É realmente uma estrutura única e imponente.
Para quem é amante de natureza e do mundo selvagem, recomendo sem dúvida um dia no Biodôme. No coração do parque Olímpico, este edifício foi originalmente construído como um velódromo. Nesta magnífica infra-estrutura, é permitido aos visitantes percorrer autênticas réplicas de quatro ecossistemas característicos da América: Floresta Tropical, Floresta Laurência, Ecossistema Marinho Saint Lawrence e Sistema Polar (Árctico e Antárctico). O contacto com os animais que aqui habitam e representam cada habitat (araras, saguins, linces, lontras, castores, pinguins e diversas aves marinhas) é quase inevitável. O espaço está muito bem concebido. A atmosfera que aqui foi criada manifesta-se na nossa pele, os odores são intensos e as cores vibrantes. Ao fechar os olhos por uns momentos, é possível ouvir sons desconhecidos e arrepiantes, que nos fazem sentir teleportados para um outro espaço e tempo. O Biodôme de Montreal é uma das quatro infra-estruturas que constituem o Museu Natural de Montreal, que inclui o Insectarium, o Jardim Botânico e o Planetarium.
À saída do Biodôme um passeio pelo Jardim Botânico é indispensável. Aqui é possível curar corpo e espírito. A paisagem é deslumbrante… a não perder!