Após uma sesta bem merecida, fui visitar a Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, herança dos portugueses. A igreja, toda ela branca por fora, acede-se por uma escadaria de duas entradas e é uma das imagens mais comuns quando se pesquisa Goa no Google. É sem dúvida um dos seus ícones. Ao entrarmos, deparamo-nos com uma igreja relativamente pequena e com uma decoração simples.
Para além da mais famosa igreja de Pangim, e uma das mais conhecidas de Goa, existem outros locais de interesse a visitar, tais como o “Secretariat Building”. Trata-se de um edifício da era colonial inicialmente habitado pelo governador muçulmano Adil Shah antes de se tornar a residência oficial do visconde em 1759. Sendo um dos edifícios mais antigos de Goa, agora alberga vários escritórios.
Pangim é uma cidade pequena, mas agradável. Podemos simplesmente passear pelas suas ruas, apreciando a riqueza histórica da cidade. Com um passado colonial português patente, muitas ruas e lugares mantêm também nomes portugueses. Contudo, muitos edifícios expõem uma fachada decadente e precisam de uma renovação.
No segundo dia, ao decidir seguir mais uma vez as sugestões do Lonely Planet, desta vez para encontrar um lugar para tomar o pequeno-almoço, encontrei por acaso o restaurante Hotel Venite. Este fica num prédio com cerca de 200 anos. Fui seduzida pela decoração com conchas à entrada. Quando entrei fiquei fascinada. Subi as escadas e encontrei um chão em madeira, pequenas varandas com uma mesa com pequenos azulejos a decorar o tampo e duas cadeiras. Duas ou três paredes têm sido usadas para deixar recordações escritas das várias pessoas que por ali vão passando.
Escolhi uma das varandas para tomar o pequeno-almoço. Deliciei-me com o “pao”, o pão típico de Goa que nos permite saborear a influência portuguesa. Depois do pequeno-almoço, apanhei o autocarro para a central de autocarros e lá apanhei outro para “Old Goa”, Património Mundial da UNESCO.
Aquando do domínio português, a capital de Goa era o local a que agora se chama “Old Goa”. Este local faz parte do itinerário turístico para muitos dos visitantes de Goa, especialmente para quem não estiver interessado apenas nas suas praias. Em “Old Goa” existem várias igrejas que podem ser visitadas num dia. Entre as mais visitadas encontram-se a Capela de Santa Catarina, a Igreja de São Francisco de Assis, a Sé Catedral (dedicada a Santa Catarina), a Igreja do Santo Cajetan e a Basílica do Bom Jesus. Para além das igrejas, pode visitar-se, por exemplo, as ruínas de Santo Agostinho.
Quando chegámos ao complexo principal de igrejas, encontramos à entrada várias pedras tumulares e outros elementos de arquitectura.
Para além das igrejas, existe um museu arqueológico onde ficamos a conhecer os detalhes mais importantes da vida dos viscondes que governaram Goa e da vida de São Francisco Xavier. Dentro do museu não são permitidas fotografias.
A Basílica do Bom Jesus constitui, para muitos, a principal atracção dentre as igrejas. Nela encontra-se o corpo de São Francisco Xavier, que desempenhou um papel de relevo na transmissão da fé cristã na Índia. Muito devoto e querendo a todo a custo a propagação da fé cristã, foi ele que solicitou a Portugal que instituísse a Inquisição em Goa.
Como optei por visitar maioritariamente os monumentos, só fui um dia à praia. Visitei primeiro o mercado de Mapusa (pronuncia-se Mapsa), a maior cidade no norte de Goa.
Tendo sido avisada pelo dono de um restaurante para ter cuidado com os locais onde ficava nas zonas de praia, decidi visitar a praia de Candolim e regressar a Pangim no mesmo dia. Apanhei o autocarro em Mapusa.
O Norte de Goa tem imensos russos e a Índia é um país no qual as pessoas primam pela facilidade de adaptação. Não é de admirar, pois, o facto de se verem imensos restaurantes com os menus escritos em russo. Os empregados também sabem algumas palavras em russo e usam-nas com os turistas ainda antes de saberem a sua proveniência.
No dia em que fui a Candolim era dia de eleições e, quando isso acontece, normalmente é decretado o “dry day” (dia em que não se vende álcool). Se os pontos de venda de álcool têm de fechar, nem todos os restaurantes respeitam a lei. Ao pedir um delicioso prato de frango chamado “chicken Portuguese” num restaurante em Candolim, o gerente teve a brilhante ideia de me servir cerveja num bule de chá.
A praia de Candolim não será das melhores em Goa e nesse dia estava bandeira vermelha. Não arrisquei a molhar mais do que os pés e parte das pernas.
No meu último dia em Pangim, subi à zona do Altinho com o intuito de ir ao consulado português esclarecer uma dúvida. Só atendiam de manhã. Decidi relaxar durante o resto do dia, sentada num banco de jardim e, mais tarde, no Hotel Venite, até chegar a hora de ir apanhar o autocarro para regressar a Bangalore.
Ainda me faltam visitar vários locais na zona de Pangim. A cidade, com as suas ruas características, as suas fachadas de azulejos, os seus vários restaurantes, vale a pena e é um local a regressar.
Quando ir
Como ir
Caso opte por ir de avião só até Mumbai, pode depois apanhar um comboio ou um autocarro até Margao e daí novo comboio ou autocarro até Pangim ou outra cidade goesa.
Onde ficar
Pangim tem vários hotéis com vários preços. Contudo, ao contrário do que acontece noutras localidades indianas, as condições dos mais económicos como, por exemplo, o Hotel Republica, onde fiquei hospedada, podem ficar abaixo das expectativas. Aqui fica uma lista de alguns hotéis em Pangim que oferecem condições superiores ao Hotel Republica: Old Quarter Hostel (custo baixo), Hospedaria Abrigo de Botelho (custo médio), Casa Paradiso (custo médio), La Maison Fontainhas (custo médio), Ginger Goa (custo médio), The Caravela Homestay (custo médio), Vivenda Rebelo (custo médio), Vivanta By Taj (custo elevado). Pode comparar os preços e ver os comentários de hóspedes anteriores no booking.com ou TripAdvisor.
Onde comer
Caso visite a praia de Candolim ou outra praia nos arredores de Pangim e opte por comer lá, a oferta de restaurantes é bastante variada.
Quero muito visitar Goa. Não a India, que não me desperta nenhum interesse – bem pelo contrário – mas sou apaixonado por estes cantinhos de Portugal espalhados pelo mundo. Talvez quando der uma volta pela Ásia em 2017.