“Tens de ir a Goa”. Durante muito tempo, foram as palavras ouvidas da boca de muitos estrangeiros na Índia. Desde a primeira vez em que pus os pés na Índia, em 2009, Goa foi ficando para segundo plano… até 2015.
Goa, antigo território português, é um dos destinos obrigatórios para os turistas que escolhem a Índia como destino de férias. Goa torna-se atractiva com as promessas de sol, mar, festa, boa comida. Mas Goa é muito mais do que isto…
Goa é o mais pequeno Estado indiano em termos de superfície, com 3702 km. A capital do Estado é Pangim. Os portugueses chegaram a Goa durante o século XVI como mercadores e o território ficou sob domínio português de 1510 a 1961. A influência portuguesa está presente, principalmente, na arquitectura, mas não só. A gastronomia e o vestuário, por exemplo, também foram marcados pela presença dos portugueses no território.
Goa é versátil. Se muitos a escolhem como destino de praia, há outros que a escolhem pela herança cultural e histórica.
Quando cheguei a Pangim, contrariamente ao que acontece na maioria dos locais indianos, onde os condutores de auto-rickshaws nos circundam a perguntar se queremos ir com eles, a maioria dos homens que me interpelaram foram os chamados “pilots”. Estes levam-nos como passageiros por uma determinada quantia nas suas motos. Tal como os condutores dos autos, caso mencionemos que procuramos um hotel, tentarão ganhar a sua comissão e levar-nos aos hotéis com os quais têm acordos. No meu caso, o “pilot” não apenas decidiu levar-me a um hotel que não ficava no centro de Pangim, como eu queria, como também me levou a um hotel que deixava muito a desejar em termos de higiene. Agradeci-lhe, não satisfeita com a façanha dele, e paguei-lhe a corrida.
Queria alugar uma scooter para me deslocar mais facilmente aos locais que queria visitar. Um colega de trabalho, em Bangalore, tinha-me dito que não era preciso apresentar a carta de condução de motos. Talvez isso aconteça realmente noutras localidades de Goa, mas não em Pangim. Assim, apesar de saber conduzir, não pude alugar a scooter e tive de recorrer mais uma vez ao “pilot” para me levar ao centro da cidade.
Estava imenso calor em Pangim e, com uma mochila às costas e outra ao peito, andei cheia de fome pelas ruas. Decidi que o melhor a fazer seria encontrar primeiro um restaurante para almoçar e, em seguida, continuar a procurar um hotel que fosse limpo e a um preço acessível.
Encontrei um pequeno restaurante e não hesitei em entrar. Sentei-me e pedi um caril de peixe e uma cerveja. O álcool é mais barato em Goa do que na maioria das cidades indianas, devido à não existência de taxas. A comida naquele restaurante era simples, mas boa.
Encontrar um hotel foi mais difícil do que estava à espera. Não pela escassez de hotéis, mas pelos preços pedidos por quarto. Assim, decidi recorrer ao guia Lonely Planet e tentar hospedar-me num dos hotéis recomendados pelo mesmo.
Depois de perguntar na recepção o preço do hotel Casa Paradiso e saber que eram 1911 rupias por noite, decidi andar mais um pouco para ver o hotel Republica. Este hotel, tal como o Casa Paradiso, fica num local estratégico, perto da Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. O Republica, porém, não prima pelo bom gosto. Quando observamos o seu exterior, parece prometer mas, ao ver um dos quartos, fiquei desiludida pelo estado em que se encontrava. Até tinha fita-cola nas paredes!
Antes de ficar em qualquer local, tenho por norma pedir para ver um quarto. Como o primeiro precisava claramente de uma remodelação, pedi que me mostrassem outro e decidi ficar neste.
Quero muito visitar Goa. Não a India, que não me desperta nenhum interesse – bem pelo contrário – mas sou apaixonado por estes cantinhos de Portugal espalhados pelo mundo. Talvez quando der uma volta pela Ásia em 2017.