Como o almoço previsto eram sandes, não foi preocupante, mas se pretenderem cozinhar, tenham atenção a isto.
Depois da merecida soneca (que nos soube pela vida), retomámos caminho para aquela que foi a parte mais dura do caminho. Passámos pela primeira ponte metálica do percurso e seguimos até Codeçais (km 25) num caminho um pouco duro, pois os 4 kms têm poucas sombras. Antes de chegar à estação, existem dois pontos de água. São canos que saem da rocha, e não conseguimos perceber se eram nascentes ou não. A água era gelada, onde caía do cano havia muito musgo, e sabia bem, mas não podemos garantir que fosse nascente. Provámos a água e seguimos viagem. Parámos em Codeçais cheios de calor, e quando seguimos viagem as reservas de água começaram a ficar num nível que poderia ser complicado. Por isso, quando umas centenas de metros à frente da estação encontrámos outro ponto de água igual aos anteriores, não hesitámos: enchemos os cantis de água fresca, bebemos à vontade e seguimos caminho. Dos 5 que compunham o grupo, um teve uma indisposição à noite, mas não sabemos bem do que foi. Todos comemos e bebemos do mesmo, mas só ele se ressentiu. Coloco aqui a indicação porque também pode ter sido da água, mas também pode não ter sido.
Dica: Quer seja para recolher água destes pontos, quer seja para recolher água do rio, em caso de emergência ou para cozinhar, pode sempre ser útil levar as pastilhas de purificação de água, que resolvem os problemas todos.
Este troço depois da estação de Codeçais é o mais duro. São 4 kms sempre à torreira do sol até se chegar à estação da Brunheda. Não há sombras, por isso é importante ter muita água. A estação da Brunheda está aberta e, no caso de considerarem fazer a caminhada em 3 dias, poderia ser o melhor local para passar a noite antes de São Lourenço. A estação está aberta e perto tem uma adega. Vimos lá carros, mas não fomos investigar. O nosso taxista, o Sr. Viriato, disse-nos depois que podemos ir à adega do Engº Mesquita, explicar quem somos e pedir para visitar a adega. Eles dão-nos água e ainda nos deixam provar o vinho que lá fazem. Segundo ele, são muito acessíveis, portanto acho que vale a pena a pausa, mas nós não a fizemos.
Depois da Brunheda, começam a aparecer sombras e o terreno começa a ficar rodeado por fragas de granito e o rio fica um pouco mais abaixo. São 3 kms até ao apeadeiro do Tralhão (km 18) e depois mais 3 kms até São Lourenço. O apeadeiro do Tralhão está fechado e tem umas escadas de lado onde permite descansar à sombra, mas sem pontos de água. Daí até São Lourenço o sol já estava escondido por trás dos montes, por isso caminhámos grande parte do percurso à sombra. O rio aqui entra na parte de vale e começa a ficar mais picado, com elevações altas de um lado e de outro.
Quando chegámos a São Lourenço, por volta das 19h, tínhamos a ideia de pernoitar na estação, mas encontrámo-la fechada, ao contrário das indicações que tínhamos lido. Subimos à aldeia para vermos das termas, mas também já tinham fechado (funcionam das 9h-13h e das 15h às 19h). Um dos habitantes da aldeia indicou-nos a fonte um pouco mais acima onde poderíamos tomar banho e ter água. Subimos e vimos do que se trata: a fonte está dentro de uma espécie de templo a São Lourenço, e sai para dentro de um tanque, onde nos podemos banhar. No entanto, aquela água, apesar de aparentemente potável, tem um cheiro desagradável, a ovos podres. Dá para tomarmos banho lá, e é tranquilo, mas para abastecer de água para cozinhar recomendo que utilizem uma torneira que está do lado de fora do templo com o tanque, que apenas deitava um fiozinho de água, mas que sabia bem melhor que a outra. De qualquer das formas, se chegarem antes das 19h, podem ir às termas pedir água, e aí será certamente melhor.
O templo tem um terraço por cima onde cozinhámos e onde passámos a noite. A aldeia não tem nenhum café ou coisa do género, e o mais próximo, segundo nos disseram, fica a 20 minutos de caminhada. Depois de 26 kms a pé, não fomos ver onde era…
Jantámos arroz à escuteiro, com salsichas, chourição, ovos cozidos, enfim, tudo o que tínhamos nas mochilas e que tinha sobrado do almoço. A mistura foi tanta que não sei mesmo se o P. não se sentiu mal do jantar… : )
Dica: Trouxemos para a caminhada um toldo leve. Serviu para fazer de sombra, de abrigo para a noite, e de proteção para o chão. É uma opção leve e muito útil, que substitui perfeitamente a tenda, mesmo para dormir ao relento, pelo menos neste tempo quente de Verão.
Dica: Parece que houve umas pessoas que resolveram de madrugada vir tomar banho ao tanque, mas eu não dei por nada. De qualquer das formas, fica a indicação de que dormir aqui pode não ser absolutamente tranquilo para quem tem o sono leve. Se dormirem lá em baixo perto da estação também nos disseram que era tranquilo, nós é que resolvemos dormir onde tínhamos jantado.
Dia 3
Arrancámos bem cedo, cansados, mas animados com o facto de hoje serem apenas 13 kms. São Lourenço é o ponto de cota máxima da barragem, pelo que os 13 kms que fizemos neste dia serão os que ficam submersos pela barragem quando esta estiver pronta. É também a parte mais bonita do caminho, pelo que é mesmo de aproveitar enquanto a barragem não fica completa. O caminho é todo feito com fragas a pique e o rio lá em baixo, mais ou menos próximo.
Luis, algumas pedras no caminho que o táxi fazia tinham, aparentemente, formas de animais. Nós descobrimo-las a muito custo e com muito boa vontade, mas o senhor estava muito convencido que elas existiam… 🙂
“animais feitos em pedra…”?!
Estás a falar de quê exatamente? Explica um pouco melhor, sim?