Dia 2
Acordámos no dia seguinte e pusemo-nos ao caminho. A Linha do Tua desativada começa no Cachão, pois entre o Cachão e Mirandela circula o Metro. Nós fomos para o Cachão de carro e deixámos lá o carro, mas quem quiser pode deixar o carro em Mirandela e apanhar o metro para o Cachão. Se o fizerem, recomendo que apanhem o metro das 7h55, que chega ao Cachão às 8h15 (ver horário do metro). Nós chegámos ao Cachão prontos para arrancar pelas 9h15. Se conseguirem um pouco mais cedo seria o ideal, já vão perceber porquê mais à frente. No Cachão há um café de uma senhora muito simpática onde é possível abastecer de provisões, beber o café e iniciar viagem. A senhora foi simpática o suficiente para nos guardar o carro no terreno dela, mesmo em frente ao café, mas a estação do Cachão tem estacionamento para deixar o carro em segurança, segundo ela. Não nos abastecemos muito, porque já vínhamos preparados com água e comida, que sai sempre mais barata nos supermercados que nos cafés.
Dica: O maior problema do caminho é a água. Não há muitos pontos de água espalhados, e é preciso ter atenção a isso. De qualquer das formas, os pontos de água ou possibilidade de atestar que encontrámos vamos colocá-los aqui, para que a malta tenha noção do que vai encontrar. Pontos de venda de comida também não, por isso temos mesmo de ir em autonomia, com tudo o que vamos necessitar.
A ideia era fazer o percurso em dois dias, indo dormir a São Lourenço, que era o que nos tinham recomendado os vários blogues. Assim sendo, o primeiro dia são 26 kms e o segundo dia 13kms de linha, com mais uma subida para o Fiolhal. O nosso plano era acabar no Fiolhal, e não descer até à Foz do Tua. Contactámos o senhor do táxi que substitui o comboio neste percurso e combinámos que nos iria buscar ao Fiolhal.
Começámos então viagem no km 41, num troço de linha bem verde, acompanhados de perto pelo rio que, quase à mesma altitude que nós, convida a banhos. A primeira dificuldade do caminho é, desde logo, caminhar na linha. As madeiras não estão à distância de passos normais (os homens têm de encolher o passo, as mulheres de o esticar), pelo que é preciso andar meio na tábua, meio no cascalho. No início do percurso é possível fazer isto, mas lá mais para meio o cascalho torna-se maior e temos mesmo de andar apenas em cima das madeiras. No início, o ritmo atrofia e há uma tendência de ir sempre de olhos no chão para não tropeçarmos. Correm o risco de perder a paisagem linda de olival que nos acompanha, pelo que não se esqueçam de olhar para cima de vez em quando…
Ao fim de 5 kms a primeira paragem: a estação de Vilarinho. Quando a linha encontra o alcatrão, chegamos à estação e fazemos a primeira paragem.
Dica: a distância entre estações e apeadeiros é sensivelmente a mesma. Se forem descansando em cada estação e apeadeiro mantêm sempre o ritmo. Foi essa a nossa opção, e correu bem.
Na estação de Vilarinho não encontrámos ponto de água. Nem sequer o procurámos, porque íamos abastecidos, pelo que não foi possível confirmar se há ou não, apesar de outros relatos indicarem que sim. A estação está fechada, mas o armazém ao lado da estação está aberto e permite abrigo. A linha está cheia de palha, mas circula-se bem.
De Vilarinho o percurso continua até Ribeirinha, a 3 km. Neste troço as vertentes estão cobertas de oliveiras e o trilho da linha tem bastantes silvas e ervas daninhas. A estação de Ribeirinha (km 34) foi convertida numa casa particular, e é possível abastecerem água nesse local. A aldeia de Ribeirinha fica também muito perto da linha, caso precisem de algo mais, mas não sei se terá algum café ou mercearia, pois não fomos ver.
Daqui para a frente, o vale do rio começa a ficar mais encaixado porque começam os afloramentos graníticos até alcançar a estação de Abreiro (km 29). Este percurso corresponde a aproximadamente 5 km. Antes da estação de Abreiro, que fica por baixo de uma ponte, podemos ver do lado direito da linha a Ponte do Diabo. Segundo nos explicaram alguns pescadores que encontrámos na linha a regressar de uma manhã de pesca, esta ponte medieval foi destruída nas cheias dos anos 20 do século passado. Com umas tábuas, ainda era possível passar por ela, mas um padre do século passado entendeu que esta ponte era obra do Diabo ou algo assim e destruiu o resto. Sobram os pilares, e a calçada romana do outro lado do rio.
A estação do Abreiro, 12 kms depois de termos partido, é um bom local para almoçar e pôr os pés de molho. A estação está aberta (partiram as portas que tinham sido emparedadas) e dá para descansar lá dentro. Como fizemos a caminhada em Agosto, o calor era bastante, por isso resolvemos sempre parar nas horas de maior calor. Ao lado da estação há um caminho que nos leva por baixo da ponte metálica para um local com erva onde é possível descansar, dormir uma soneca à sombra e molhar os pés, ou mesmo tomar banho. Não o fizemos porque estava vento, mas a área tem condições para isso. Tínhamos indicação de que haveria uma fonte de água do outro lado do rio, mas uma das pessoas do grupo foi procurar e não a encontrou. No entanto, os mesmos pescadores que encontrámos também nos confirmaram que deveria haver lá a fonte…
Luis, algumas pedras no caminho que o táxi fazia tinham, aparentemente, formas de animais. Nós descobrimo-las a muito custo e com muito boa vontade, mas o senhor estava muito convencido que elas existiam… 🙂
“animais feitos em pedra…”?!
Estás a falar de quê exatamente? Explica um pouco melhor, sim?