Neste momento talvez se esteja a interrogar sobre o porquê de incluir a escalada na sua Próxima Viagem. Mas a resposta não poderia ser mais simples: regra geral, a parede a escalar está situada num espaço exterior de grande beleza natural. Além disso, as formações geológicas que se procuram para este desporto não são propriamente as ideais para base do desenvolvimento urbano ou de outras estruturas criadas pelo Homem, daí que normalmente a viagem até ao local para escalar já vale a pena por si só.
Dos inúmeros locais onde já escalei, a memória mais presente, para além da estrutura da rocha, é sem dúvida a descoberta do caminho até aquela parede escondida que vimos num livro ou na internet. E depois de lá estar, é o desfrutar do local mágico ao qual nunca iríamos caso não fosse para escalar; o desafiarmos os nossos limites; o passeio perfeito cheio de vistas deslumbrantes; a mochila às costas com algo para o estômago, que independentemente do que seja, sabe-nos sempre muito melhor do que quando comido em casa.
Já alguma vez viu numa berma de estrada ou parque de estacionamento uma seta a indicar “local de escalada”? Pois é, não há! Excepto grandes e raras excepções, a regra geral é mesmo a falta de qualquer tipo de sinalização. Em França ou Espanha, os exemplos são um pouco melhores, mas o problema de fundo não é muito diferente do português. Ir escalar é muitas vezes juntar a uma curta caminhada um desporto recompensador: uma caça ao tesouro – de croquis na mão na busca de novas vias –, com a sensação de exclusividade, de vistas que ninguém vê e de estar em locais só alcançados por quem se faz à parede. É interessante que por muito bonitas que sejam as vistas do local onde estamos, quando subimos são sempre muito melhores. Há zonas sem grandes vistas, como a base das paredes envolta de árvores, mas assim que subimos a parede e passamos a altura da copa, temos a sensação da descoberta de um admirável mundo novo.
A escalada também é uma forma de redescobrir a natureza e ver que muitos buracos na rocha são esconderijos de pássaros ou antigos ninhos; que apesar da altura a flora é em tudo igual à que conhecemos no solo. A diferença nos cheiros, formações e estruturas rochosas são viagens pela história natural do mundo: arenisca, basalto, calcário, quartzito, granito, conglomerado, rocha vulcânica, são algumas das diferentes viagens sensoriais que a escalada lhe pode proporcionar. Aproveite uma delas na sua Próxima Viagem.
Parabéns pela partilha.
Iniciámos agora este desporto e indentificamo-nos com cada palavra descrita no texto … ” entre a base e o topo da parede, fazemos uma descoberta de nós próprios” .
Continuaçao de boas escaladas