Nós não subimos a correr, mas fomos suficientemente rápidos a alcançar o fim daquela rampa de cascalho solto, onde nos surpreendemos com uma vista soberba e de horizontes largos. Ao longe foi possível avistar o Pic Longue Vignemale, o cume que havíamos subido há dois dias, e a lagoa de Marmores. Mais uns metros e atingimos o cume… Que alegria! Monte Perdido, nós encontramos-te!
E se adorei a subida, adorei ainda mais a descida, feita em passo ligeiro, quase de corrida, sobre a cascalheira abaixo, sempre a deslizar… Vendo as coisa pelo lado da eficácia, acaba por ser a melhor forma de descer este tipo de terreno e, seguramente, a mais divertida. Não vale é cair! Em poucas horas regressamos a Góriz, onde fomos directos para o refúgio. Depois de 6h00 de intensa actividade, esperavam-nos umas apetecidas coca-colas, acompanhadas por umas belas batatas fritas.
Com grande pena nossa, aproximava-se o fim de uma semana fantástica. Faltava ainda arrumar a tenda e o material, refazer as mochilas, descer o resto da montanha e percorrer o belíssimo vale de Ordesa, tudo com a tralha às costas. Confesso que não era uma das visões mais animadoras, mas a perspectiva de um bom banho e uma boa refeição, alimentaram as forças e animaram-nos para os últimos quilómetros e horas daquele último dia. Foi uma descida cansativa, se bem que a um ritmo bem tranquilo, mas onde acabei por relaxar quando cheguei ao vale. Aí entrei num passo de passeio, sempre descontraído, com tempo para apreciar a belíssima paisagem e fazer umas fotos aqui e ali. Não havia como resistir! Por mais fotos que já tivesse tirado, de todos os ângulos que se possa imaginar, o magnetismo deste lugar encantado é sempre mais forte!
Tinham passado dez horas desde a saída madrugadora, quando chegamos ao ponto de onde havíamos partido há dois dias: a recepção do Parque Nacional, onde poderíamos apanhar o autocarro para regressar a Torla.
Embora cansada, mas feliz, foi com grande alegria que fiz o balanço da grande semana passada em terras pirenaicas. Foi uma semana intensa, sob uma actividade brutal, mas que me encheu a alma de satisfação. O tempo que passei nos Pirenéus superou em muito as minhas melhores expectativas, não só pela beleza arrebatadora da natureza, mas também pela grande vontade de regressar. Hoje sei que voltarei a estes Pirenéus, lugar das paisagens mais belas de montanha que conheço.
Primeira parte: Pirenéus: por vales e montanhas encantadas
Segunda parte: Ascenção ao Pic Longue Vignemale (3298m)
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