Na sequência do processo lançado há semanas pelo governo para privatização da TAP, a plataforma sindical que reúne os 12 sindicatos afectos à empresa, marcaram, como é do conhecimento público, uma greve geral para o período de 27 a 30 de Dezembro, situação que irá bloquear por completo a actividade da companhia aérea nacional. São prejuízos – cerca de 130 milhões de euros – que vêm agravar a situação financeira periclitante da TAP, afectar a reunião de muitas famílias em período natalício, influir na actividade turística e, uma vez mais, dar uma machada numa das marcas que mais promove o nome de Portugal além-fronteiras.
Tratando-se de uma manobra que visa essencialmente fazer ceder o governo na intensão de privatizar a empresa onde, segundo dizem, é de todo impossível assegurar as condições laborais futuras e o acordo empresa, há que voltar a centrar a questão e, antes de tudo, reconhecer que há um grave problema com a TAP: a empresa precisa urgentemente de ser recapitalizada.
A TAP não é só uma das principais empresas para a economia nacional, pois é um dos principais exportadores, como desenvolve um papel absolutamente determinante na aproximação da lusofonia, através do eixo atlântico, onde tem claramente o domínio de um número importante de rotas, nomeadamente para o Brasil.
Não está em causa o direito constitucional à greve ou os direitos fundamentais dos trabalhadores onde, apesar de tudo, não podemos esquecer que estamos a falar de uma classe privilegiada em relação a outros sectores da economia nacional. O que parece estar em causa é uma guerra que defende sobretudo o poder dos próprios sindicatos e não tanto o dos trabalhadores da companhia. Existem ainda elementos contraditórios na posição da plataforma sindical quando, por exemplo, o sindicato dos pilotos diz ser contra a alienação da empresa, mas depois reivindica 20% da privatização, segundo um acordo estabelecido com governos anteriores e ao qual a Procuradoria-Geral da República já deu parecer negativo.
O governo também não sai bem na fotografia porque parece querer acelerar um processo que carece de tempo e análise crítica. Enquanto cidadão, defendo que a TAP deve ser privatizada, porque parece ser a forma mais eficaz de obter o dinheiro que a empresa necessita, sem que o contribuinte seja novamente chamado a pagar impostos para este fim. Mas ao defender a privatização não quer dizer que esta se faça de qualquer maneira, até porque existem opiniões para todos os gostos, formas de injectar dinheiro para todas as vontades e discursos políticos que apontam para diferentes soluções. Há, por isso, que lançar pontes de diálogo e não embarcar em extremismos que dificilmente conseguem dissipar a nuvem negra que se instalou no Aeroporto da Portela; há que limitar uma batalha política que aponta para uma clara destruição do valor da empresa e onde se dizem muitas meias verdades.
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