Existem pessoas com as quais criamos uma maior empatia. Existem pessoas que, de uma forma natural, conseguem conquistar (quase sempre) empatia por parte de outros. Com destinos (locais) passa-se o mesmo. Existem destinos com os quais criamos uma empatia imediata, muitas vezes sem conseguirmos estabelecer uma razão, e existem destinos que, de uma forma bastante natural, tornam a (conquista da) empatia como acontecimento padrão. Comigo, a empatia com São Miguel foi imediata e mais tarde percebe que, de uma forma bastante natural, é quase impossível não criar empatia com São Miguel. Muito confuso? Vou resumir: São Miguel, nos Açores, é uma espécie de paraíso, com o qual é (quase) impossível não criar empatia.
Visitei São Miguel pela primeira vez em 2015. E ainda hoje me pergunto: “como é possível não ter lá ido antes?”. Ok, fica no meio do atlântico (o Oceano, não o Pavilhão) mas é Portugal e fica a 2 horas de viagem (a partir de Lisboa). A verdade é que passados dois ou três dias na ilha, esta já estava na minha lista de lugares favoritos (impacto imediato). Um misto de uma genuinidade humilde, com uma grandiosidade abençoada. Tudo é belo por ali, tudo é natural, sem necessidade da mão, tal como um toque de midas, do homem. Procurei todos os highlights que já tinha visto em fotografias de viagem, mas que ao vivo me fizeram sentir o frio na barriga (tão bom quando acontece) e, quando pensava que não existia mais belo, quase que por magia, atrás de uma enorme vegetação, lá surgia algo ainda mais sumptuoso. Mas não é só de paisagem que vive a grandiosidade de São Miguel, tal como acontece em grandes destinos (grande em grandiosidade e não em tamanho). As pessoas (pelo menos as que se cruzaram comigo e, como me cruzei com muitas, vou definir como padrão) são de uma simpatia e generosidade extrema.
Espero sinceramente que São Miguel se mantenha belo e natural, que não venda a alma ao diabo e não ceda à tentação do turismo fácil e de catálogo. Mas com isto não quero dizer que se fechem as fronteiras e que a região não possa ver vivida por outsiders. Pode e deve ser. Sem valorização, não existe preservação. Mas sem abusos e sem ceder a tentações.
E já que falei na beleza natural e na simpatia das pessoas, não poderia deixar passar o cruzamento destes dois pontos. Em São Miguel parece que colocamos uma pedra na terra e que dali vai nascer uma flor do mais verde que existe, que colocamos a mão no mar e conseguimos apanhar um peixe do mais saboroso que há. É uma terra abençoada e o Homem de São Miguel soube respeitar isso, sem grandes exibicionismos. Que comida maravilhosa. Do melhor peixe que já comi, da melhor carne que já saboreei, da melhor fruta que já provei. Tudo com a dose certa de despretensiosismo e de um orgulho fraterno de quem serve.
Acho que já vos tinha dito isto, mas para mim, São Miguel é uma espécie de paraíso.