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    Categories: Opinião

Aeroportos: chegar e partir

Não sei o porquê de gostar tanto de terminais aeroportuários, um lugar tão relacionado a despedidas, ao medo que tanta gente tem de voar, e onde o normal são pessoas (inclusive eu) ficarem exaustas de tanto esperar.

Medo de voar eu nunca tive. Nem na minha primeira vez, em 2008, quando voei de Guarulhos (GRU), São Paulo, para Nova Iorque, pousando no aeroporto internacional John Fitzgerald Kennedy (JFK). E adoro turbulências e todo o resto. O chacoalhar do avião; o solavanco que a gente leva ao aterrissar; a pressão do corpo contra o encosto do assento ao decolar; os biscoitinhos, que ainda são “grátis” em algumas companhias; as demonstrações de segurança realizadas pelos comissários, com seu inglês à la Joel Santana (técnico brasileiro de futebol); ou a leitura das revistas de bordo bilíngues. Tudo isso me fascina. Meu único incômodo é a pressão nos ouvidos. E com tanta coisa interessante, qual é a graça de viajar de ônibus? Há quem prefira, pois dá para se observar as cidades, as pessoas, as paisagens por onde o ônibus passa. Só que existe também a imundície tão típica de qualquer rodoviária brasileira. E de avião dá para ver isso tudo de cima, de uma perspectiva que me faz sentir mais voyeur.

Obra que do artista Hugo França, construída a partir das raízes de uma árvore morta, instalada no aeroporto de Porto Alegre.

Por três anos da minha vida, o aeroporto de Porto Alegre foi sinônimo de hotel para mim. Depois que dormi nele pela sexta vez, parei de contar. É que entre as 23h e 5h não havia ônibus de Caxias do Sul (onde eu morava) para Porto Alegre, nem vice-versa, e a maioria dos voos que eu tomava eram próximos desse horário. Foram por isso muitas as vezes que cheguei e já não podia ir para Caxias, tal como as vezes que saí da casa bem antes, pois meu voo saía de POA bem cedo na matina. Ao menos este aeroporto tem uma livraria 24 horas, um espaço de exposições e um terceiro piso que, para além de uma sala de TV, tem um cantinho silencioso e escuro, onde dá para tirar um cochilo, depois de achar uma posição (des)confortável nas poltronas. Desculpe, leitor! Deu para entender o que é POA? Esse é o código do aeroporto de Porto Alegre. Enquanto lê este texto, mostrarei a você alguns dos códigos de três letras que os aeroportos têm. São os chamados códigos IATA.

Vista aérea da periferia de Buenos Aires (AEP).
Quase pousando em Assunción (ASU), Paraguai.

Nem mesmo as viagens longuíssimas que já fiz deixaram de ser divertidas. Em dezembro de 2011, um voo POA-EZE, que se fosse direto deveria durar uma hora, durou seis. E porquê? Porque o avião saiu de POA, parou no aeroporto de Curitiba (CWB), que na verdade fica em São José dos Pinhais, em seguida voou para Assunción (ASU), no Paraguai, e só depois para Buenos Aires (EZE é o código do aeroporto de Ezeiza e AEP o do Aeroparque). E fazer isto para quê!? Bem, para pagar bem menos pela tarifa.

Situação semelhante foi passada em novembro de 2012, agora com a Companhia Municipal de Dança de Caxias do Sul, quando tivémos de viajar de Caxias (CXS) para Uberlândia (UDI). Saímos de Caxias às 15h30, descemos em Curitiba, tomamos outro voo para Belo Horizonte (CNF), que tem também um aeroporto na Pampulha (PLU), mas o principal fica na cidade vizinha de Confins, e só depois descemos em Uberlândia, quase às 2h. Para voltar o percurso já deu um pouco menos de trabalho: de Uberlândia a Congonhas (CNG), em São Paulo, e de lá a Caxias, tudo isso em três horinhas, apenas.

Nem todos os aeroportos têm exatamente boas livrarias ou uma rede wifi que realmente funcione. Por isso, é recomendável ter um bom livro ou um bom plano de internet no celular quando se viaja. Ou uma roupa de banho. Em Munique (MUC), Alemanha, o aeroporto já é uma atração em si. Há até piscina de ondas artificiais para as pessoas surfarem.

Linha de costa em Ushuaia (USH), Argentina.
Surf em Munique (MUC).

:: Escrito de acordo com a ortografia brasileira ::