As profecias Maias disseram que o mundo acabaria em dezembro de 2012. Nostradamus também acreditava nisso. Quase dois anos depois, o fim do mundo não chegou, mas, se você quiser bancar o profeta, pode escolher a data também. É só pegar um avião até Buenos Aires e, de lá, um vôo da empresa LAN ou Aerolíneas Argentinas para Ushuaia (pronuncia-se ussuaia), cidade de uns 20.000 habitantes a 600 km do pólo sul, na Patagônia Argentina. Em qualquer época do ano que você for, vá muito bem agasalhado. Nem caia na burrice de pensar “Dezembro é verão. Estará frio, mas nem tanto”. Mesmo em Janeiro, pico do verão no hemisfério sul, você corre o risco de pegar neve. Nessa época, na verdade, seria uma aguanieve, como eles dizem, pois é um floco muito fino que, antes de chegar ao solo, já derreteu. A temperatura média de Ushuaia no verão é de oito graus, mas o vento dá uma sensação térmica bem abaixo disso. Só não faz frio mesmo é dentro das casas e comércios, pois todo lugar possui calefação. Paradoxalmente, use sempre o filtro solar, pois o buraco da camada de ozônio está exatamente ali. Use-o mesmo de noite, porque no verão o sol se põe às 23h, horário local.
Chegue a Ushuaia já com alguns pesos argentinos, pois o aeroporto não possui casa de câmbio, só o centro da cidade. Uma boa dica seria trocar seus reais ou euros no aeroporto de Buenos Aires. Se for o de Ezeiza, não vá a nenhuma casa de câmbio. As tarifas de troca mais favoráveis para nós, brasileiros, estão no Banco de La Nación, que tem uma agência no aeroporto. Se, já na Patagônia, sua grana acabar antes do previsto, é possível fazer saques em pesos argentinos de alguma agência bancária. Olhe se seu cartão de conta bancária possui um símbolo de três triângulos com a palavra Plus. Caso tenha, você conseguirá sacar de QUALQUER caixa eletrônico que tenha o mesmo símbolo, mesmo se for em uma agência diferente da sua. E o cartão nem precisa ser internacional. É melhor sacar uma grande quantidade de uma vez, pois, por cada saque, é cobrada uma taxa de aproximadamente R$10,00. Se você ainda não tem cartão internacional, o mais econômico é o pré-pago Visa Travel Money. Digite isso no Google e veja como funciona. Só que, em Ushuaia, muitos lugares não aceitam cartão. Em alguns comércios, eles aceitam reais também, e costuma ser numa cotação ainda mais favorável do que a do Banco de La Nación. Parte das recomendações indicadas para brasileiros, são também aplicadas para quem vem da Europa, com euros nos bolsos, nomeadamente sobre a cobrança de taxas elevadas para o saque de dinheiro pesos argentinos.
Quanto mais formas de gastar dinheiro você tiver, melhor para você mesmo, porque poderá aproveitar a viagem sem se preocupar caso a máquina de cartões da pousada dê problemas e você tenha de pagar tudo em dinheiro, por exemplo. Se quiser economizar na hospedagem, procure um albergue conveniado à rede de albergues da juventude. Então, se você tiver a carteira de alberguista, terá desconto nas diárias. No Cormoranes, por exemplo, o preço do quarto privado, de $570,00 (pesos argentinos) cai para $480,00; o coletivo, de $150,00 cai para $125,00 para os conveniados. Também dá pra economizar cozinhando seu próprio jantar, coisas práticas compradas em supermercado. Esse também é um ótimo momento de confraternizar com pessoas do mundo todo.
Um dos passeios mais recomendados na cidade mais austral do mundo é o Glaciar Martial, a 7 km da cidade. De onde você estiver, pegue um táxi até lá. Poupe sua energia agora de início, pois há trilhas belíssimas para você fazer lá e táxi na Argentina é um transporte muito barato, ainda mais se tiver alguém para dividir a corrida com você. Essa sairá por volta de $50,00 (pesos argentinos). É melhor deixar para caminhar na volta, pois é melhor pra ver a cidade, sem contar que você estará descendo e não subindo. Para ir ao Glaciar não é preciso pagar nada, mas vale a pena dar $75,00 para subir um pedacinho do monte no teleférico e admirar ainda mais a vista. A luz brilhante do sol iluminando os montes com os cumes cobertos de neve é algo fantástico.
O auge do frio de Ushuaia você sentirá se fizer o passeio de catamarã, também o auge do caro, pois cobram $400,00 por pessoa. Logo depois que o barco arrancar e o vento soprar na sua orelha, você sentirá vontade de colocar mais um casaco, depois outro, depois outro, depois mais uma calça, um cachecol, luvas e touca, até ficar quase imobilizado. Pelo menos a embarcação tem uma parte coberta e a empresa te dará um chá de brinde, porque, com o vento do canal de Beagle em um catamarã a não sei quantos quilômetros por hora, não dá pra ficar na parte de fora por mais de dois minutos. Quando ele parar, já distante da costa, é que todos terão coragem de sair, em silêncio, para observar os pingüins, lobos marinhos e cormoranes (uma ave que todo mundo acha que é pingüim).
Você pode até olhar a previsão do tempo antes de ir a Ushuaia ou de decidir qual ponto turístico visitar, mas esteja preparado para imprevistos, porque o clima lá pode mudar de uma hora pra outra. Num só dia, é possível pegar vento, frio, calor, chuva e a tal da aguanieve. Se San Pedro acordar de ovo virado algum dia e mandar um toró que atrapalhará seus planos, ficar na cidade também é divertido. Visite museus e lojas, rodando tudo a pé, e tome o incrível sorvete de calafate, fruta típica da região.
No Museo Del Fin Del Mundo, a entrada custa $90,00 para estrangeiros, com direito a visitar também a Antiga Casa de Governo. O preço diferenciado para turistas nacionais e internacionais é uma prática comum na Argentina. Costuma haver também distinção de preço para turistas de países do Mercosul. Há também o Museu do Presídio ($90,00). Por muitos anos, Ushuaia só serviu de depósito para mal-feitores. Vários criminosos foram cumprir sua pena lá.
Próxima parada: Parque Nacional Tierra Del Fuego. Para estrangeiros do Mercosul, a entrada é $110,00. Os outros gringos pagarão $140,00 enquanto os argentinos, $40,00. Além desse valor, precisa pagar $150,00 ao ônibus que o levará até a entrada do parque e trará de volta. Mas ele te pega e te deixa na porta do hotel. Se você for bem fominha e quiser conhecer o parque todo, reserve pelo menos três dias. A principal atração do parque é “El Tren Del Fin Del Mundo”, que faz o mesmo caminho que os presos faziam há mais de 100 anos, mas algumas pessoas acham que essa atração só vale a pena se for inverno, porque a visão das montanhas cobertas de neve é bem bonito; mas, no verão, lembra passeio de trem por Minas Gerais – uma boa desculpa para economizar $290,00. As trilhas a pé do parque também têm imagens fascinantes e coelhos que podem cruzar o seu caminho rapidamente. Reserve um bom espaço no cartão de memória da sua câmera, principalmente se fizer a trilha sinalizada no mapa como a trilha número dois, com percurso de 8 km. Há trilhas de todos os níveis de dificuldade. Então tanto os sedentários quanto os que têm pique total podem aproveitar o lugar. A trilha número três vale por uma curiosidade: ela vai até a fronteira com o Chile. Então você pode voltar pra casa ostentando pros amigos dizendo que conheceu a Patagônia Argentina e a Patagônia Chilena.
:: Escrito de acordo com a ortografia brasileira ::
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