Constituído por um acervo superior a cento e vinte mil peças, o Museu Egípcio é o museu mais importante do Egipto e um dos mais inspiradores do mundo inteiro. Instalado no Cairo, numa das extremidades da Praça Tahrir – local onde recentemente se desenvolveu a revolta que resultou na deposição do presidente Hosni Mubarak –, e não a mais de duzentos metros da margem oriental do rio Nilo, este espaço museológico é detentor de uma colecção de obras e artefactos de valor incalculável, representantes da história de uma das civilizações mais fascinantes da humanidade.
A funcionar desde 1902 num palácio neoclássico da autoria do arquitecto francês Marcel Dourgnon, as actuais instalações, muito conhecidas pela cor encarnada que reveste as suas paredes exteriores, resultam da necessidade em ultrapassar as grandes limitações funcionais que os espaços anteriores apresentavam aos seus visitantes: inicialmente com as instalações junto aos Jardins Ezbakeya, onde em 1858 o Museu Egípcio foi formalmente inaugurado com base na colecção doada pelo arqueólogo Auguste Marriette, e mais tarde na região de Boulaq, à data uma importante zona portuária da cidade do Cairo.
Chegados ao exterior do Museu Egípcio, e já que as autoridades responsáveis pela preservação do património cultural e histórico do país não permitem fotografar em museus, no interior de templos, pirâmides e em grande parte dos espaços arqueológicos, todos os dispositivos com capacidade para registar imagem devem obrigatoriamente ser deixadas na chamada Camera Room: pequeno edifício que se encontra junto aos portões de acesso ao complexo.
Nos jardins circundantes do museu, que surpreendentemente se apresentam bem tratados e forrados com uma relva imaculadamente verde, encontram-se espalhadas várias peças na sua grande maioria pertencentes ao período do Novo Império (1550-1070 a.C), entre as quais as duas esfinges que ladeiam a entrada principal e que pretensamente procuram incutir a percepção que se está a entrar num antigo templo egípcio. Após passar esta entrada e os pórticos destinados à detecção de metais, eis-nos chegados a um admirável mundo novo.
A área expositiva está organizada em dois pisos acima do solo, segundo uma ordem cronológica que segue o movimento dos ponteiros do relógio. Assim, o rés-do-chão, que é constituído por um conjunto de quarenta e duas salas, encaminha os visitantes para uma área que se inicia com o Período Pré-dinástico, depois a Época Arcaica, ao que se seguem os períodos correspondentes ao Antigo Império, Médio Império, Novo Império, Período Tardio e, finalmente, a Época Ptolemaica. Subindo ao primeiro andar e às quarenta e sete salas que o compõem, o visitante é essencialmente convidado a visitar a colecção do faraó Tutankhamon, as peças encontradas no túmulo do casal Yuya e Tuya, bem como a imperdível sala das múmias.
Embora o museu tenha a capacidade para condensar milhares de anos de história em tão pouco espaço, a verdade é que nem sempre há um cuidado efectivo com a apresentação e a informação que se faz chegar aos visitantes, o que para muitos poderá resultar numa experiência, em parte, defraudada. Actualmente o Museu Egípcio tem um grande problema que se prende com a manifesta falta de espaço, situação que se verifica com o amontoado de peças em muitos dos corredores e salas. Mas há pormenores que não são justificáveis para um museu com esta importância: desde a enorme quantidade de pó que cobre variadíssimas peças, passando pelas folhas de papel, escritas à máquina e amarelecidas pelo tempo, muito deficitárias ao nível da identificação do acervo, e acabando na falta de coerência pela forma como é feita a catalogação, onde são empregues idiomas que podem variar entre o árabe, o inglês, o italiano e o japonês, muito poderia ser feito no sentido de melhorar a interactividade e experiência do visitante.
Parte desta problemática poderá, contudo, estar em vias de ser definitivamente resolvida, pois foi recentemente lançado o concurso para a construção do novo Museu Egípcio, a instalar numa área contígua às Pirâmides de Gizé, com inauguração prevista para 2015. Resultante da audácia e originalidade do gabinete Heneghan Peng Architects, o projecto, que conta com um investimento previsto de uns impressionantes 640 milhões de euros, irá ocupar uma área superior a 85 mil metros quadrados que, entre outras coisas, permitirá expor muitas das 100.000 peças que ao longo dos anos se têm mantido armazenadas, essencialmente devido à falta de espaço expositivo. Embora o projecto preveja uma comparticipação local, a verdade é que a principal parte do financiamento será assegurado por um fundo japonês que, após a inauguração pública do novo espaço, prevê uma moratória de 10 anos para o reembolso do empréstimo.
Indiferentemente de tudo, e enquanto o novo complexo museológico não vê a luz do dia, o actual Museu Egípcio é uma pérola para quem se interessa por história e um local de visita obrigatória para quem passa na cidade do Cairo.
O melhor período para visitar o museu é logo pela abertura, antes de começarem a chegar os infindáveis autocarros cheios de turistas.
Face à quantidade do espólio disponível, é recomendável reservar pelo menos meio-dia para a visita.
Poderá ser uma boa ideia recorrer a um dos guias oficiais que o museu tem para lhe disponibilizar. Os preços podem variar entre as 50 e 80 EGP por hora, sendo o preço final fixado conforme as suas capacidades negociais.
O museu conta ainda com um pequeno espaço de lazer, onde pode ser encontrada uma cafetaria e uma livraria para a venda de souvenirs, mapas, guias, postais e vários livros sobre a história e arte egípcia.
Museu Egípcio no Cairo
Telef.: (02) 2578 2248 / 2452
URL: http://www.egyptianmuseum.gov.eg
Horário:
09h00 às 19h00, de Sábado a Quinta
09h00 às 11h00 e das 13h30 às 19h00, todas as Sextas
Preços:
Entrada no museu – 60 EGP | Estudante – 30 EGP
Entrada na sala das Múmias – 100 EGP | Estudante – 60 EGP
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