Em toda a vastíssima e exótica Indonésia, o afamado templo de Borobudur – Património Mundial da Humanidade, construído entre 750 e 850 d.C. durante o reinado da dinastia Śailēndra e maior templo budista do planeta – era um dos locais que mais desejava conhecer. Depois de uma visita culturalmente fascinante à cidade de Yogyakarta, que terminou abruptamente quando o vulcão Raung – nas proximidades do mágico Kawah Ijen e a cerca de quinhentos quilómetros de distância – entrou em erupção, espalhando cinzas por toda a zona oriental da ilha de Java, tive de adiar os meus intentos e rumar a paragens mais auspiciosas e onde o ar estivesse mais respirável. Após um mês de deambulações no verdejante Bornéu indonésio – Kalimatan – era altura de voltar a tentar a minha sorte e antes de rumar novamente a Yogyakarta, fiz umas preces a Buda.
Eram 3.30 quando voltei a pisar solo “Yogyakartês” e na saída da estação de comboios apanhei um ojek – táxi-mota – até ao hostel. Quando entrei, a receção estava encerrada e por esse motivo tentei falar com os seguranças de forma a conseguir fazer o tour de Borobudur nessa madrugada, pagando a posteriori aos rececionistas. Quando a carrinha apareceu para ir buscar outros hóspedes, perguntei à guia local se ainda havia espaço no bólide e se me podia juntar a eles. Quando partimos, o relógio marcava as 5.00 e eu estava muito feliz. Durante a curta travessia – aproximadamente quarenta quilómetros – a noite começou a perder intensidade, as cores do céu ganharam fulgor, a forma do vulcão Merapi recortou-se na paisagem com maior nitidez, tornando-se imponente e no meio de uma suave neblina podiam-se ver verdes arrozais. Belo! Eram 6.15, quando dei os primeiros passos na área do templo, já com um sarong – à cintura. Em meu redor, a luz era dourada e suave, e o céu azul. A aurora estava de facto mágica e o imenso templo, aguardava serenamente por mim.
Naquela hora matinal, ainda na companhia de poucos turistas, cirandei em redor do magnífico e imponente templo, construído em pedra de cores: preta, cinzenta e creme. Visto de topo, temos a visão em planta de uma enorme Mandala de base quadrangular – 120 X 120 metros -, visto de frente, encontramos uma estrutura piramidal, com uma escadaria que nos leva ao longo de cinco patamares e em cada um destes, existem incontáveis e serenos Budas a contemplarem-nos. A paisagem em redor está repleta de árvores e vegetação e é possível observar múltiplas colinas e montanhas numa palete de verdes, existindo dois cumes em grande destaque, o Gunung Merapi e o Gunung Merbabu, cada um deles coroado com uma ligeira névoa no cume. Fruto de umas nuvens “fabulásticas” e do imaculado céu azul, este grandioso templo estava particularmente fotogénico, sendo que o melhor momento da visita ocorreu quando no topo me deparei com estupas que tinham no seu interior estátuas de Buda, quais verdadeiros ovos “kinder surpresa”, dispostos em alinhamentos circulares e progressivamente concêntricos em redor da estupa maior e central. Quando os meus passos deixaram o templo, estava verdadeiramente FELIZ por ter regressado a Yogyakarta e ter tido o privilégio de visitar Borobudur. O maior, mais imponente e impressionante templo budista de todo o mundo. O templo entre cumes e vulcões.
P.S. – À semelhança do que acontece no templo de Prambanam, o preço para visitar o templo de Borobudur está altamente inflacionado para os turistas não nativos, mas fica o AVISO que existe a possibilidade de se comprar um bilhete conjunto para os dois templos, a um preço mais aceitável – ATENÇÃO que esta informação não é visível, porém se na altura da compra do ingresso perguntarem por esta possibilidade o mesmo ser-vos-á vendido.
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