Nos arredores de Lisboa, a uma distância razoável para lá nos deslocarmos e voltarmos num único dia, existem alguns locais icónicos no universo da fotografia amadora. São aqueles locais que todos os apaixonados pela fotografia, em particular pela fotografia de paisagem, conhecem. Sintra, Cascata de Anços, Cabo Espichel, Praia da Ursa, Cabo da Roca, Praia do Guincho ou a Peninha, são alguns dos locais onde o fotógrafo amador pode dar asas à sua paixão, montar o seu tripé, a sua máquina e filtros, e perder-se horas a fio na tentativa de realizar as melhores fotografias. Entre estes locais, há um, no entanto, que assume uma natureza quase mítica e mística: o Cais Palafítico da Carrasqueira.
Situado entre a Praia da Comporta e Alcácer do Sal, na pequena aldeia piscatória da Carrasqueira, o cais palafítico do mesmo nome, é um local realmente único, tanto em Portugal, como na Europa (é o único cais desta natureza existente no velho continente).
Ao chegarmos perto do cais encontramos à nossa esquerda um campo de arroz que, quando as plantas estão grandes, afigura-se como uma linda paisagem. À nossa direita, temos uma praia fluvial onde podemos encontrar alguns antigos barcos de pesca abandonados.
O Cais Palafítico da Carrasqueira em si é fantástico. Um caos único de tábuas, estacas, armazéns, equipamento de pesca, barcos velhos e novos, tudo construído e acomodado de forma artesanal, sem nenhum plano de desenvolvimento. Os pescadores foram fortalecendo este cais, desde os anos 50 do século passado, acrescentado pontões, armazéns, passagens e tudo o se revelou necessário para a construção de um local caótico, mas único e extremamente estético.
Encontrando-se o cais na margem do estuário do rio Sado, em plena reserva natural, goza de uma calma e serenidade própria destes locais, onde, apesar de nos encontrarmos no meio de uma estrutura desenvolvida pelo homem, conseguimos ainda assim sentir a plenitude da natureza.
Para os fotógrafos amadores, o Cais Palafítico da Carrasqueira é um paraíso. Além disso, fica voltado de frente para o pôr-do-sol, o que permite fazer incomparáveis fotos, sempre difíceis de conseguir em qualquer outro local. É por isso que é normal, sempre que lá regressamos, encontrar muitos fotógrafos com ou sem tripés, deliciando-se com a incomparável estética do local.
O cais permite desenvolver um tipo de fotografia muito variado: começando nos pormenores (podemos passar dias a fotografar detalhes no cais) das texturas dos equipamentos de pesca ou muitos armazéns, passando pelo labirinto de pontões ou barcos, e acabando nas paisagens do estuário ou na abundante ornitologia, tudo é inspirador mesmo para os fotógrafos mais receosos.
Como em qualquer local propício para a apreciação da natureza, ou da beleza construída pela mão do homem (neste caso das duas em simultâneo), não basta visitar o Cais Palafítico da Carrasqueira uma única vez e pensar que tudo já foi visto. O cais e o estuário que o envolve apresentam-se sempre diferentes, no sentido em que há sempre novidades: uma nova estrutura, outros barcos, a maré que pode estar cheia ou vazia, ou até a luz que é diferente em cada estação do ano. E o pôr-do-sol, também ele sempre desigual, traz magia ao local e uma grande capacidade em arrebatar o espírito.
O Cais Palafítico da Carrasqueira é acima de tudo um local com uma atmosfera de paz, serenidade e de uma beleza extraordinária. É um local a visitar e revisitar sempre.
:: carregue sobre uma das imagens para ver em grande ::
Sem Comentários