Não dês dinheiro
Esta é uma questão sempre controversa. Dar ou não dinheiro a pessoas que o pedem depois (ou antes até) de serem fotografadas. Uns defendem que tem todo o sentido pagar a alguém que “fez de modelo” por assim dizer, que despendeu o seu tempo para ser fotografado. Por outro lado, outros defendem que isso cria um autêntico negócio, em que, por exemplo, crianças são exploradas para pedirem esmola à custa da sua imagem. Já me deparei com ambas as situações. É preciso usar o bom senso. No meu caso, sempre que me apercebo que alguém o faz apenas por dinheiro, rejeito fotografar essas pessoas.
Dá dinheiro
Não, não me vou contradizer. O que quero dizer é que podes aproveitar o facto de teres pago para comprar algo e conseguires uma boa foto com isso. Essa é uma das técnicas que mais uso em viagens. Quando compro alguma coisa, seja uma fruta a um vendedor ambulante ou um guia de um “tour”, aproveito o elo criado (mesmo que superficial) e peço para tirar uma fotografia. É uma troca justa, em que ambos saem beneficiados, desde que ambos concordem em fazê-lo, obviamente.
O melhor zoom são os teus pés
Sim, com uma teleobjectiva conseguirás tirar algumas fotos interessantes de pessoas a uma distância “higiénica”. No entanto, os melhores retratos implicam chegar-se perto do retratado, criar a necessária empatia, estabelecer um elo. Até porque, como dizia o famoso fotógrafo Robert Capa, “se as tuas fotos não são boas o suficiente, então é porque não estás perto o suficiente“.
Sai cedo, chega tarde
A luz da manhã e do final de tarde são amigas da fotografia. Isso é uma realidade na fotografia de paisagem, mas também no retrato. A luz difusa (mais amarelada de manhã e mais azulada no final de tarde) dará outra riqueza de tonalidades e sombras às tuas imagens. Em relação ao flash, usa-o com cautela, já que a maioria das vezes os resultados vão ser insatisfatórios. Ao contrário da crença comum, o flash não serve para ser usado à noite (salvo algumas excepções), mas sim como luz de preenchimento durante o dia (por exemplo: iluminar alguém que está contraluz em relação ao pôr-do-sol).
Explora todos os ângulos
Não uses apenas uma teleobjectiva (ou zoom) e um ângulo frontal. Se tiveres essa possibilidade, usa todas as objectivas e distâncias focais (ou zoom) que tiveres disponíveis. Não existem objectivas inadequadas para retratos. Explora tanto as teleobjectivas, como as “olho de peixe”, grande-angulares, etc. Experimenta todos os ângulos também. Baixa-te em relação ao retratado (plano contra-picado), sobe para cima de muros, escadas e afins (plano picado) e dá asas à imaginação com todos os ângulos que te lembrares.
Aprende a abrir o diafragma
O da câmera, pois claro. Quanto maior for a abertura do diafragma da objectiva, mais luz entra no sensor da câmera e menor será a profundidade de campo. Ou seja, mais desfocado ficará o fundo (o chamado “bokeh”), o que é perfeito para retratos. Numa câmera reflex, um diafragma aberto pressupõe usar um número mais baixo nos valores f/, tal como f/2.8 ou f/4. Caso tenhas uma câmera mais básica ou (ainda) não domines a câmera a 100%, usa o modo retrato.
Concentra-te no olhar
O teu é importante sim, mas o dos outros ainda mais. Como se diz por aí, os olhos são os espelhos da alma. São eles que transmitem sensações e, em última análise, histórias. Por isso, usa sempre o foco nos olhos. Cuidado no entanto com a questão do diafragma aberto. Como dito anteriormente, quanto maior abertura menos a área de foco (profundidade de campo) e maior o risco de um engano e focar, por exemplo, no nariz.
Esquece tudo o que escrevi
As regras são para ser quebradas. Uma boa fotografia não depende apenas da técnica. Uma câmera não faz um fotógrafo, nem uma objectiva. Uma má câmera, com uma má objectiva, em modo automático, usada por alguém sem experiência pode resultar num excelente retrato. Lembra-te disso na próxima viagem e boas fotos!
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