Se há lugares talhados para experiências gastronómicas inolvidáveis, onde os sentidos se misturam num nó cego de sabor e aroma, a Tasca do Celso é um desses lugares; é um incontornável templo dedicado à magia da gastronomia e uma vitrina que bem conserva o néctar tão amado pelo Deus Baco.
Escondido entre o casario da vila que dizem ter origem nas mil fontes e nascentes, o edifício impecavelmente caiado a branco e azul-cobalto, com duas enormes lousas penduradas à entrada, e onde as semelhanças com um típico espaço indecoroso só passam pelo nome, é ponto de passagem obrigatório para quem atravessa as águas mansas do estuário do Rio Mira.
Magicada com empenho e grande paixão, a afamada “Tasca” abriu portas há cerca de 11 anos pela mão do seu proprietário José Ramos Cardoso, conhecido nas redondezas por “Celso”, tal como seu pai já o fora. E se só mais recentemente a ideia do restaurante viu a luz do dia, é desde a mudança da família da região das Beiras para Milfontes, na década de 70, que o espaço – originalmente uma típica taberna com chão de terra – situado na mesma rua onde viveu, sempre despertou a atenção de José Cardoso. É quase como se de uma paixão à primeira vista se tratasse.
No interior da casa rústica, a decoração fá-lo esquecer por instantes os apetites do “bojo guloso” e convida-o a uma visita museológica do saber e tradição popular. À entrada, o visitante encontrará uma sala esguia com um enorme balcão forrado a pedra, onde desde logo se poderá entreter com um belo “vinho a copo”, enquanto espera pela vez. Seguindo para a esquerda, descobrirá a primeira sala de refeições do espaço, sem dúvida a mais interessante e intimista. Além da enorme lareira e das paredes imaculadamente brancas, ricas em peças e utensílios de origem agrícola, cuidadosamente recuperados, é de salientar as pedras de ardósia escritas a giz, que servem de menu gigante e as mesas cuidadosamente alinhadas, decoradas com loiça de barro e panos de cores garridas. Existe ainda uma segunda sala, mais desafogada e naturalmente iluminada, mas também sensatamente decorada e onde o “freguês” poderá observar in loco os segredos e as técnicas utilizadas no enorme assador, existente à entrada do espaço.
Porém, a verdadeira arte museológica está na cozinha e nas especialidades que, além de dificultarem as escolhas, são um verdadeiro pesadelo para os “obstinados com a balança”. Para começar poderá optar por preciosidades como a linguiça com ovos mexidos, as amêijoas à tasca, a salada de búzios ou os mexilhões à espanhola. A salada de polvo ou queijo fresco intercalado em tomate, sobre uma “cama de alface” e temperado com orégãos, merecem igualmente uma atenção especial.
Seguem-se os “clássicos”, como o cabrito assado, as migas à alentejana, a cataplana de carne de porco, a costeleta de fundo de porto preto ou as muitas açordas. Já para os amantes do sabor do mar, o pregado grelhado com arroz de feijão, a massinha de cherne (quando disponível, a opção bacalhau é igualmente recomendável) ou o peixe fresco do dia para grelhar, são excelentes opções a considerar. Quero, contudo, dar especial destaque ao bife à la plancha (2 pax), que consiste num naco com 500g de carne extremamente tenra e suculenta, trinchado sobre uma tábua de madeira na sua presença, serviço com arroz de feijão, batata-doce, milho e tomate assados. É uma verdadeira iguaria que não o deixará indiferente.
A carta de vinhos é cuidada e apresenta múltiplas propostas – algumas verdadeiras preciosidades – provenientes das várias regiões demarcadas do país. A Casa Ferreirinha, Quinta do Crasto, Herdade do Mouchão ou Adega Cartuxa, da Fundação Eugénio de Almeida, são alguns dos produtores do magnânimo néctar que poderá encontrar e combinar com o manjar entretanto eleito.
Chegando às sobremesas, a Tasca do Celso volta a ser o local indicado para degustar os doces com origem tipicamente alentejana. Começando pela inigualável sericaia com ameixa de Elvas e passando pela encharcada, o pão de rala ou o bolo fidalgo, tudo lhe parecerá divinal e com uma frescura condizente. Os mais clássicos leite-creme e arroz doce merecem igualmente uma valente colherada.
Finalmente, e para “calar” o prazer que seguramente lhe terá consolado os sentidos e o espírito, conte com a oferta de um sortido de figos, nozes e amêndoas, bem como de um suave e generoso licor de bolota.
Quanto pedir a conta, acredite que os cerca de 25 a 30 euros por cabeça são merecidos e não o farão ter dúvidas sobre um próximo regresso. A Tasca do Celso vale por cada garfada levada à boca; cada vinho de aroma trufado; cada explicação dada pelos seus colaboradores. Vale sobretudo pela experiência de lá ter estado.
Desde Novembro último, a Tasca do Celso conta ainda com um novo espaço destinado à tertúlia e prova de vinhos. Resultante do processo de transformação de uma residência contígua, entretanto adquirida por José Ramos Cardoso, a sala não apresenta grandes elementos decorativos, mas é sóbria e agradável. Além das paredes de aspecto envelhecido, com acabamento efectuado a clara de ovo, do pavimento em tijoleira rústica ou da grande talha de barro colocada junto à lareira, o principal destaque vai para o abundante conjunto de estantes, carregadas com os mais pujantes néctares vinícolas e de uma imensa mesa de madeira, onde calmamente poderá degustar um número infindável de petiscos e gulodices.
Depois da experiência, que duvido deixe esvoaçar do pensamento nos próximos tempos, não se esqueça que Vila Nova de Milfontes tem inúmeros atractivos de interesse turístico: praias, rio, centro histórico e vida nocturna. Aproveite pois para dar um passeio.
Como chegar
Se vem do Sul, apanhe igualmente a auto-estrada A2, no sentido Norte, até à saída número 12 (Castro Verde | Beja | Ourique). Siga no sentido Ourique e percorra a EN123, seguida da EN389 até ao Cercal do Alentejo. Finalmente, só precisa de apanhar a EN390 para chegar ao destino.
À entrada de Vila Nova de Milfontes, antes de atravessar a ponte sobre o Rio Mira, vai encontrar uma rotunda onde deverá virar à direita. Siga depois sempre em frente (Rua Custódio Brás Pacheco) até encontrar um sinal de “sentido obrigatório” que o irá obrigar a virar à direita. Passe o quartel da GNR, siga em frente no cruzamento e após alguns metros encontrará uma rotunda com uma árvore no centro. Contorne essa rotunda e escape-se pela terceira saída (Rua dos Aviadores). A Tasca do Celso fica à sua esquerda, mais ou menos a meio da rua.
Onde ficar
Mapa
Restaurante Tasca do Celso
Telef.: 283 996 753 / 968 175 726 | Email: tascacelso@sapo.pt
URL: http://www.tascadocelso.com/
Horário: das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 23:00
Encerra à segunda-feira durante o inverno e toda a semana do Natal. Capacidade para 48 pessoas. Recomenda-se reserva antecipada.
porque sera que so fazem publicidade a tasca do celso???a mais restaurantes e locais onde comer em milfontes ,mas a publicidade eos acontecimentos giram a volta da tasca ,hotel social e dunas mil ,porque sera que teem mais dinheiro que os outros???servem melhor?????os preços sao em conta??????sera que so existem estes restaurantes em vila nova de milfontes????????