O restaurante “O Cortiço” é um dos restaurantes típicos mais afamados de Viseu e há razão para isso. São quase quatro décadas de história, onde as tradições e gastronomia beirãs se cruzam em direcção ao espaço fundado pelo mestre, infelizmente já desaparecido, Dom Zeferino: um gastrónomo de primeira linha, estudioso da cozinha e poeta popular. Durante grande parte da sua vida, Dom Zeferino, calcorreou quilómetros de caminhos em busca das receitas tradicionais da região, às quais deu o seu cunho pessoal e que mais tarde lhe valeram vários prémios nacionais e internacionais.
Situado na chamada zona histórica de Viseu – não muito longe da Sé Catedral –, o restaurante “O Cortiço” é um espaço original e de ambiente familiar. Distribuído por várias salas, conta com paredes em pedra granítica e lampiões de ferro forjado que, além de darem um toque especial à decoração, continuam a desempenhar o papel para que foram criados: a iluminação do espaço. Pormenor não menos interessante, são os milhares de manuscritos que pendem nas paredes e conferem uma personalidade muito típica ao espaço. Trata-se de mensagens de clientes escritas em papel, muitas das quais em guardanapos e toalhas utilizadas durante a refeição, com testemunhos e desabafos de quem aceitou embarcar numa aventura não só de sabores, mas também de estórias através da gastronomia regional beirã.
Depois de se sentar e enquanto sorri com os nomes que percorrem a farta ementa, sugiro que se entretenha com uma frigideira de enchidos, acompanhada por broa e um dos belos tintos que a região tem para lhe oferecer.
Voltando à ementa, acredito que a escolha não seja fácil, sobretudo com a profusão de nomes tão sugestivos como é o caso do pato no forno à Dona Cilinha de Viseu, dos rojões com morcela como fazem nas aldeias, das feijocas à maneira da criada do Sr. Abade, do polvo frito tenrinho como manteiga ou do cabrito assado no forno à pastor da serra. Se é a primeira vez que visita “O Cortiço” e não consegue eleger o prato que enfeitiçará as suas papilas gustativas, o coelho bêbado três dias em vida, o bacalhau apodrecido na adega ou o famoso arroz de carqueja, seguramente não serão motivos de desilusão.
A paleta de vinhos, com particular relevância para a região demarcada do Dão, é extensa e com algumas verdadeiras preciosidades. O vinho da casa, encorpado, de sabor forte e rico em taninos de touriga nacional, é servido em jarros de madeira envelhecida, cintada com aros metálicos e a fazer lembrar pequenas pipas. Proveniente de uma quinta em Manqualde, o pujante néctar não só deverá fazer o deleite do Deus Baco, como tem tudo para surpreender os que ousarem emergir na tentação de o degustar.
Nas sobremesas, o doce das formigas, castanhas de ovos de Viseu e sonhos de farinha de castanhas, são algumas das especialidades concebidas dentro de casa. Para os menos convencidos, existem ainda vários doces tradicionais como é o caso doce de abóbora com requeijão, dos papos de anjo, da aletria conventual ou do leite-creme.
Quanto pedir a conta, aponte para um valor aproximado de 25 euros e conte com a oferta de um cálice de aguardente de azeitona.
Se depois do repasto ainda lhe sobrar tempo para visitar algum do espólio arquitectónico existente nas imediações, só tem de subir os poucos metros que restam à Rua Augusto Hilário e virar à direita. Já no Largo da Sé, além da imponente catedral, são dignos de registo o Museu Grão Vasco, a Casa do Miradouro à Casa do Adro e a Igreja da Misericórdia.
Como chegar
Onde ficar
Mapa
Restaurante “O Cortiço”
Telef.: 232 416 127 / 916 461 576
URL: www.restaurantecortico.com
Horário: Das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 23:00
Não encerra durante a semana ou para férias. Recomenda-se reserva antecipada.
Este restaurante é de facto muito bom...vou partilhar...