Embora a carta de vinhos não seja muito extensa, apresenta um número variado de propostas e encontra-se bem organizada – por géneros e regiões. O vinho da casa, servido a jarro, é proveniente da região da Amareleja e revela-se suficientemente competente para acompanhar a generalidade dos admiráveis pratos que por aqui são confeccionados. É um vinho encorpado, frutado e envolto em algum virtuosismo. Nos engarrafados, encontram-se opções com preços suficientemente ajuizados, se bem que haja uma primazia para os mais conhecidos e afamados tintos do Alentejo e Algarve. Mais para norte, o Santa Marta, Quinta do Roriz e Quinta de Cidrô, todos do Douro, a Casa de Saima, da Bairrada, ou a Quinta do Pancas, de Alenquer, são outras das opções a ter em conta. Há ainda a destacar algumas verdadeiras preciosidades, como é o caso do Duas Quintas Reserva, Quinta do Côtto e Barca Velha, tudo néctares na casa dos vinte anos e com capacidade para deixar o Deus Baco em completo estado de delírio.
Chegados às sobremesas, onde a amêndoa, a alfarroba e o figo estão quase sempre em posição de destaque, há que conviver com a profusão de opções e a delicadeza com que a doçaria típica da região é tratada. A vitrina mostra uma confecção cuidada, colorida e de frescura assinalável. O Pudim de Mel, que já valeu um prémio gastronómico ao restaurante A Charrette, é uma obra-prima da inspiração dos seus criadores e apresenta um equilíbrio na doçura e textura que dificilmente esquecerá. Mas há mais! O Bolo de Tacho, o Bolo de Amêndoa e Gila, a Tarte de Alfarroba ou o D. Rodrigo. E se no final subsistirem dúvidas depois de ler e reler a extensa lista de guloseimas, volta a não haver problema. Peça um pedaço de cada uma. Será um prazer prepararem-lhe um menu de degustação. Sem dúvida uma verdadeira perdição para os mais “gulosos”!
Para fechar, a tradição manda que não fique indiferente ao copinho de aguardente de medronho ou de um dos muitos licores caseiros com que será presenteado. Aproveite mas não abuse! Até descer a serra há ainda muita curva para vencer.
Embora as doses servidas não façam inveja a outras regiões do país, sobretudo quando se aponta à quantidade, é indubitável a qualidade e competência culinária com que os clientes são servidos. O preço poderá não ser o mais simpático para algumas bolsas, sobretudo nos tempos que correm, mas acredite que vale bem o esforço. Aponte para um valor entre os 20 e 25 euros por pessoa e para a necessidade incontornável em se tornar “freguês”. Depois de conhecer o restaurante A Charrette, a sua lista de destinos gastronómicos ficará seguramente muito mais rica.
Nota: Como há várias especialidades da casa que nem sempre estão disponíveis, caso o seu “desejo” aponte para um prato em particular, será melhor contactar antecipadamente o restaurante para evitar deslocações desnecessárias.
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