Visitei o Mónaco em 2015, no âmbito daquela que foi a viagem mais importante da minha vida (até agora claro) e dentro de um ano que acabou por ter como grande temática os micro-estados Europeus: Andorra, San Marino, Liechtenstein e Mónaco (já tinha ido ao Vaticano). É fácil descrever de forma sucinta aquilo que achei do Mónaco através da minha curta estadia: é exatamente aquilo que pensei. Apesar de teoricamente isto poder ser um aspeto negativo (isto é, um destino não me surpreender), não o digo de forma pejorativa, isto porque as minhas expectativas não eram baixas ou fracas; o Mónaco é um destino de luxo. Essa sensação toma diferentes formas, desde iates (claramente acima de tudo), carros desportivos, hotéis luxuosos e restaurantes chiquérrimos (apesar de ter jantado em frente ao porto principal, Port Hercules, por um preço fantástico).
O Mónaco é um destino de luxo.
O Mónaco é sem dúvida o mais diferente e peculiar dos micro-países do mundo, na medida em que, para além de ser o segundo mais pequeno, está preenchido com paisagem urbana na esmagadora maioria do seu território. Isso deve-se sem dúvida ao facto de ficar localizado numa zona luxuosa de clima ameno que dá as boas-vindas ao Mar Mediterrâneo (Côte d’Azur, no sudeste de França) e de ter efetivamente pouco espaço para fazer crescer e rentabilizar toda a riqueza que é lá aplicada. Com efeito, o estilo de construção do Mónaco é vertical, com apartamentos altos onde quer que caibam; todo o metro quadrado de área tem um propósito, sejam áreas residenciais ou comerciais (é como jogar SimCity!), ao qual se pode adicionar ainda um esforço visível de “verdificar” a cidade. Para além da possibilidade de desfrutar de algumas experiências que só o dinheiro pode desbloquear (como fazer qualquer coisa num iate), e pese embora a alta densidade de pontos de interesse ou comerciais que se podem encontrar, eu diria que não é preciso muito tempo para apreciar o Mónaco, comparativamente a outros micro-estados, nos quais pelo menos é possível sair da principal cidade e descobrir os arredores.
Para além do luxo generalizado, há ainda duas temáticas que influenciam bastante esta cidade: a monarquia e o automobilismo. Dado que este é um estado monárquico e é extremamente pequeno, a importância do príncipe é sentida a diversos níveis, tais como a área reservada ao palácio real, os nomes dados a ruas e estabelecimentos, bem como à forma como a cidade “pára” quando a caravana do príncipe percorre as estradas (tive a sorte de estar presente na data de um evento de estado e durante o resto do dia houve ainda mais duas “saídas” espalhafatosas). O Mónaco é também caracterizado por ser um local embebido pelo desporto automóvel, recebendo desde há várias décadas um grande prémio de Fórmula 1 cuja pista é das mais peculiares e espectaculares que existem, serpenteando pela cidade e pelos seus túneis a toda a velocidade; para além disso, existem também estátuas dedicadas ao desporto espalhadas pela cidade, uma coleção “privada” de automóveis do príncipe (que tive oportunidade de ver e que inclui, por exemplo, o capacete do lendário Ayrton Senna) e, para finalizar, um número acima da média de carros desportivos a roncarem pela cidade a toda a hora.
Possui um dos mais peculiares e espetaculares circuitos de Fórmula 1.
Devo de admitir que fiquei um pouco desapontado com a fachada exterior do casino de Monte Carlo (sem dúvida o ponto de interesse mais famoso do Mónaco), embora o interior aparente ser magnífico; isto porque não entrei nas zonas pagas do edifício, pois não deixam entrar com câmaras fotográficas de corpo razoável. Ainda assim, dentro da metodologia que aplico às minhas viagens de ter sempre alguma razão para voltar a visitar um país / cidade, na próxima vez que regresse ao principado, tentarei fazer uma visita de barco pela baía e portos limítrofes (pontos de vista fantásticos para tirar fotos), bem como entrar, de facto, no casino de Monte Carlo (e quem sabe até jogar!).
Nota de Viajante
Para quem chega ao Mónaco através de Nice (tipicamente a forma mais comum de isso acontecer), não aconselho a utilizar o serviço dedicado de vaivém entre o aeroporto e o Mónaco (embora seja certamente mais rápido); é mais barato e muito mais belo utilizar o autocarro de transporte local entre as duas cidades, que atravessa a costa do Mar Mediterrâneo e oferece vistas deslumbrantes.
Onde ficar
O hotel Hotel Versailles tem uma localização privilegiada, não só como ponto de partida para as zonas a sudoeste (Fontvieille e Palácio do Príncipe), mas também porque fica a 50m da paragem do autocarro mencionado na Nota de Viajante (embora a proximidade seja um conceito sobrevalorizado no Mónaco). No entanto, penso que é caro considerando o estilo de viajar low-cost (paguei 100€ por uma noite), mas principalmente tendo em conta que, em termos de conforto e luxo, não vale de todo esse montante.
Onde comer
Honestamente, entrei no Bella Vita atraído pela comida italiana e a precisar desesperadamente de comer mais consistentemente (o resto do dia foi bastante low-cost), mas sabendo que isso poder-me-ia sair caro, pois o restaurante fica mesmo em frente à Boulevard Albert 1er, a principal avenida monegasca em frente ao Port Hercules. No entanto, o preço foi muito acessível (pouco acima dos 20€) para uma combinação normal de prato principal, entradas e bebida; achei estranho ter de explicar o conceito de pão de alho ou pão molhado em azeite a um dos empregados de um restaurante italiano, mas tudo correu bem ☺.