O Jumbo Stay está estacionado no aeroporto de Arlanda, perto de Estocolmo, na Suécia. Tem o conceito de um hostel, com quartos individuais, duplos ou triplos, mas também dormitórios com vários beliches.
Fiquei lá a dormir com os miúdos em Junho, numa daquelas noites muito compridas de Verão, logo a seguir à comemoração do Midsummer, a festa familiar que festeja a noite mais longa do ano.
A grande diferença deste local está no facto das instalações serem um antigo avião jumbo Boeing 747, todo transformado por dentro para assim alojar diversos tipos de viajantes. Aliás, essa foi mesmo uma das grandes surpresas que tive enquanto hóspede. Por aquele enorme corredor agora cheio de portas de quartos, vi passar casais, famílias, grupo de amigos e jovens de todas as idades (e de várias nacionalidades), por isso desengane-se quem pensa que este conceito de hostels e alojamentos, com um carácter diferente do habitual, não tem interesse ou o conforto suficiente para agradar a todos.
Ao longo das paredes desse corredor, estão expostas as fotografias do antes e depois, com todo o trabalho de transformação que foi realizado até chegar ao que é hoje. Reparei até que essa exposição era motivo de paragem e de interesse para muitas das pessoas que passavam. Assim como notei que todos os novos hóspedes que entravam ali, traziam na cara um sorriso quase patético, como se estivessem realmente a viver uma experiência intensa, única e até muito desejada. Nós também fizemos parte desse retrato, claro!
Não sendo um local normalmente associado a um sítio para pernoitar, mas sim a algo que nos leva a viajar para algum lugar, senti ainda que aquele não é apenas um local para dormir, é diferente.
E afinal, acho que se escolhe uma unidade de alojamento como esta porque conta uma história, levando-nos a imaginar todas as pessoas que por ali passaram, as viagens realizadas, os países visitados, ou as mais diversas histórias de vida que por ali se cruzaram.
O passeio pela asa do Jumbo Stay é mesmo uma sensação única. É incrível saber que estamos realmente em cima de uma asa de avião. A oportunidade de conseguirmos repetir tal proeza espera-se reduzida!
Esta experiência está aberta aos hóspedes e aos não-hóspedes (mediante um pagamento). E foi aqui que passámos algum tempo ao fim da tarde, com um sol quentinho como companhia, numa das mesas de madeira disponíveis antes de apanharmos o autocarro (gratuito) para irmos jantar ao aeroporto, já que o Jumbo Stay serve apenas bebidas e refeições rápidas já preparadas, prontas a aquecer. O pequeno-almoço está incluído. É simples mas agradável e tem a particularidade de começar a ser servido às 3h da manhã.
Outro aspecto que achei bastante interessante nesta estadia foi o facto de todos os hóspedes terem de se descalçar, deixando os sapatos à porta, como se de uma casa particular se tratasse. O chão do Jumbo Stay é alcatifado, por isso o conforto não é colocado em causa, mas a boa prática deixa uma clara sensação de respeito.
O nosso pequeno quarto tinha um beliche, as janelas originais (algumas com cortina) e a estrutura da inconfundível arrumação da bagagem de mão.
Claro que as dimensões e a estrutura do local não é a mais prática ou até confortável, mas acho que vale pela experiência única e marcante que é. Os miúdos gostaram bastante e penso que dificilmente se irão esquecer.
Antes de adormecer o Francisco fez até a interessante observação: “era bom que todos os aviões tivessem estas camas mesmo a sério e que quando acordássemos já estivéssemos noutro país”!
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