PE negativamente?

RVolto a referir a experiência resultante da estada em Israel. É um país que não merece qualquer outro comentário. É mau demais.

PTambém conhecida é a tua relação especial com o número 11. Aliás, fizeste questão em “fechar o mundo” no dia 11.11.11. O que há de tão especial com este número? O que significa verdadeiramente para ti?

RO número 11 é basicamente o 1 com 1; a parte cósmica. UM somos nós. UM é o divino… É o vai e o recebe. Na cosmologia, esta ligação entre o EU e o divino permite-me meditar sobre o que realmente preciso, bem como obter as respostas que necessito para continuar o caminho, que no fundo é isto a que chamamos vida. O número 11 é tudo para mim… É o meu caminho, o meu Karma, a minha acção e a minha vida.

PÉ público que professas a religião budista. Porquê esta e não qualquer outra? O que encontras no budismo que não no cristianismo ou islamismo, por exemplo?

RAntes filosofia porque, ao contrário da religião, no budismo não há qualquer Deus para adorar. No budismo eu encontrei uma filosofia que é o prumo da minha vida e me ajudou a descortinar o caminho que precisava construir dentro de mim. Eu pertenço a um ramo denominado Hinayana – uma escola, um pequeno veículo que segue o cânone Páli – que, entre outras coisas, não acredita na reencarnação. Nós acreditamos que, através da meditação e do que representa o número 11 na cosmologia, podemos construir o nosso caminho. No fundo, o budismo somos nós… Sobre outras religiões, não me quero pronunciar muito, mas reconheço existirem alguns aspectos do Islamismo de que gosto. Quanto ao Cristianismo, e embora tenha crescido com ele, parece-me desactualizado sobre a realidade do momento.

PE qual é o peso que a meditação tem na tua vida?

RA meditação permite-me saber quem sou e o que quero continuar a ser. Para meditar, e ao contrário do que muita gente poderá pensar, não é necessário ficar naquela posição hermética que frequentemente gostam de passar na TV ou nos livros. Basta que consigamos concentrar o nosso pensamento num único ponto, através de um processo de equilíbrio entre o corpo e a mente. Eu faço isto frequentemente dentro do mar, enquanto surfo, nas minhas caminhadas ou nas minhas viagens. Para mim a meditação é um sinal de leveza, muito importante para que neste momento me sinta muito bem.

PEm determinada altura tiveste o privilégio de conhecer pessoalmente sua santidade o Dalai Lama. Até que ponto esta experiência mexeu com a tua espiritualidade? Foi aqui que decidiste a conversão ao Budismo?

RNão. A conversão ao budismo foi feita muito tempo antes na Tailândia. O facto de estar em Tabu e receber aquela Kalachakra de sua santidade, não mudou propriamente a minha espiritualidade, mas reconheço que em parte complementou-a. Apesar de sua santidade seguir um ramo do budismo denominado Mahayana (usam os trajes bordeaux) e eu, como aliás já referi, o Hinayana (usam os trajes laranja açafrão), foi um grande orgulho. No fundo são dois caminhos com vários preceitos iguais que se complementam. De qualquer forma, o Dalai Lama é das poucas pessoas que venero enquanto mestre. Antes dele, só mesmo a minha família e o Sporting Clube de Portugal.

PÉ verdade que sua santidade consegue imanar, muitas vezes só com a sua presença, uma grande serenidade e apaziguamento de espírito?

RSim… É possível sentir o que sua santidade consegue imanar sobre o nosso caminho. Desenvolve-se uma serenidade de espírito muito bom, porque conseguimos perceber quem somos. Um dos grandes problemas é que nós não nos conhecemos nem a 10%.

PÉs uma pessoa supersticiosa?

RSim, sou uma pessoa que acredita na superstição. Basta olhar para o facto de ter terminado o mundo em 11.11.11. De qualquer forma é uma coisa pessoal, até porque geralmente a superstição em nada tem a ver com a filosofia de vida, mas sim com o acreditar interior.

PAlguma vez dás contigo a pensar que a tua experiência de vida poderia ter resultado em qualquer outra coisa?

RNão. Completamente impossível! A minha experiência de vida só poderia ter resultado em fotografia e viagens. Como irá terminar!? Isso é que não sei. Seguramente que as duas valências estarão por lá. Agora de que forma, só o futuro o dirá. Eu não sei nem quero fazer mais nada. Acho que cada um deve fazer aquilo que sabe e gosta, deixando o que não conhece e domina para os entendidos na matéria.

PAcreditas que cada indivíduo é o único responsável pela construção do seu destino?

RNão tenhas a mínima dúvida. O grande problema é que 90% das pessoas não sabe disso. Cada um é responsável por construir o seu caminho e fazê-lo a andar. Sem derivas. Focado no essencial. As pessoas não podem estar em casa à espera que alguém lhes bata à porta para dizer: olhe, não quer fazer isto? Não pode ser! Há que trabalhar, dar o litro e mostrar o que somos. Mais, provar a nós próprios que conseguimos e chegamos lá. Depois, o resto vem por acréscimo.

Nuno Lobito em África

Nuno Lobito em viagem