Façam-se pequeninos e venham fazer-me companhia na cápsula onde tenho estado a dormir em Tóquio. As cápsulas são quartos de hotéis minúsculos onde só cabe praticamente o corpo de uma pessoa. Não me consigo pôr de pé mas, se me sentar, sobra um palmo até ao teto. Do meu lado esquerdo, há um espelho por cima de uma estante estreita, além de um relógio com despertador, uma ficha de eletricidade e outra USB. Do lado direito, há uma cortina de bambu a todo o comprimento que corro para ter privacidade. Por baixo da minha, há outra cápsula e, nos corredores vizinhos, dezenas de outras.

As cápsulas das mulheres ficam no quarto andar, as dos homens no segundo e no terceiro. A receção também é no terceiro andar onde, todas as noites, nos dão um saco com um pijama japonês, uma toalha para as mãos e outra para o banho, além de vários saquinhos com escovas para o cabelo e dentes, esponja para o banho, toalhitas de limpeza e cotonetes. Todos os chuveiros têm gel de banho, champô e amaciador.

Prédios iluminados por néones no distrito de Akihabara em Tóquio.
Os prédios cobertos de néones e grandes paineis publicitários são uma constante nas ruas de Tóquio, mal se esconde o sol. Há casos em que alguns destes “revestimentos de luz” escondem um hotel cápsula.

Tanto no piso dos homens como no das mulheres, existe uma sala de estar com várias mesas e as casas de banho têm sanitários e chuveiros individuais. No andar das mulheres, há ainda uma sala de maquilhagem que tem secadores para o cabelo, onde as japonesas passam bastante tempo de manhã.

Os sapatos ficaram à entrada do piso. Há outros cacifos para guardamos os nossos valores e as malas pequenas (as maiores ficam em armários de correr).

Corredor de hotel cápsula com chinelos junto à entrada de cada compartimento.
Corredor do hotel cápsula.

Este é um hotel-cápsula moderno, muito limpo e com bom-gosto, na sua simplicidade. Estão bem instalados? Quantos já somos dentro da cápsula a ler este texto?

Apesar da proximidade das cápsulas e de, no fundo, dormirmos no mesmo espaço, as pessoas não se cumprimentam quando se cruzam – como que a reforçar a sua individualidade (isto já sou eu a fazer suposições). Seja como for, fiquei a remoer quando, na primeira manhã, não me responderem a nenhum cumprimento ou sorriso, mas depois passou-me.

Na entrada do nosso hotel, há um “onsen” para os pés, isto é, uma pequena piscina com água quente. No rés-do-chão, existem ainda duas mesas onde posso estar com o meu marido e donde observo os hóspedes que entram: a maioria são japoneses com aspeto cuidado – os homens com fato escuro e gravata, as mulheres com blazer e saia. Nós, os turistas, somos os mais informais.

Os maiores inconvenientes deste alojamento são o ruído à noite e o facto de não haver um espaço comum para homens e mulheres: o ruído atenua-se com tampões gratuitos; a falta da área comum com saudades e com a vossa companhia enquanto escrevo este texto. Com jeitinho, caberemos todos nesta cápsula quando me lerem.

Informações práticas
O Tokyo Ginza Bay Hotel está convenientemente localizado no bairro de Ginza, no centro de Tóquio. Fica a 8 minutos a pé da estação de metro Shinbashi, na Linha Ginza, e a 10 da estação de comboios JR Shinbashi.

Ao lado, há uma loja de conveniência aberta 24 horas por dia e vários restaurantes nas proximidades.

Em Abril de 2016, pagámos aproximadamente 35€ por noite, por cápsula.

Tokyo Ginza Bay
7-13-15 Ginza, Chuo-ku
Tokyo 104-0061
Tel.: +81 3 6226 1078
Email: ginza@bay-hotel.jp

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