X
    Categories: Deambulações pela Ásia

Um dia em rebuliço

Banguecoque, 16 de Abril 2009

Será que esta gente traz sempre o sorriso estampado? Eis a primeira ideia que fixo mal saio do aeroporto. Rapidamente me vem outra (que me vai acompanhar por toda a viagem) – a de que somos um produto comercial. Turista é sinónimo de negócio.

Aprendo que não se confia no primeiro taxista que aparece, pois há sempre um segundo ou terceiro que faz o serviço mais barato. E assim é. Logo ali no aeroporto, se andarmos um pouco mais, há alguém que nos faz melhor preço.

A cidade é um caos de cores. Vejo táxis cor de laranja, rosa, verdes. Muitas motas por todo o lado, até na auto-estrada. Estranha-se um pouco, mas é a Ásia.Espreito em meu redor e vejo dezenas de casas empilhadas umas em cima das outras, imensas bancas de comida, souvenirs, bebidas, oferendas a Buda… É o caos da organização! Avisto ao longe prédios enormes e modernos. Na estrada há bandeirinhas dos dois lados e ao centro a colorir o meu caminho. A imagem do Rei está sempre presente. Sozinho ou com a Rainha. Concorre com a imagem do Buda, quase sempre lado a lado.

Sou abandonado na minha futura morada: Khao San Road.

Deixo a mala no quarto duma pensão e noto que a Sra. que me recebe não tem dentes. Mesmo assim sorri. A casa de banho é partilhada e o chuveiro é uma mangueira. A janela do quarto tem mosquiteiro e há uma ventoinha. As paredes dão para ouvir quem está do outro lado.

Está um calor abrasador. Vou para baixo da mangueira e sinto a água fresca a correr-me pelo corpo. Sabe lindamente. Visto a roupa e parto. O tempo rola e já me resta pouco (até às três e meia) para ver alguns dos monumentos. A primeira sensação mal entro num templo é a de que quero ser budista para toda a vida. Reinava ali uma paz absoluta e as pessoas pareciam muito felizes.

A estátua que olho é a de Buda deitado. Não é só Buda que está carregado de ouro e adornos. Os tectos, as paredes e toda a decoração do santuário são de um exotismo fabuloso. Como eu nunca vi… À saída sou convidado por um Tuk-Tuk man para ir visitar outros locais. Os Tuk-Tuk são motas de três rodas. O condutor vai à frente e os passageiros vão numa espécie de caixa aberta que é protegida do sol. É boa a sensação de entrar, sentir o calor e o cheiro da cidade. E o vento sabe tão bem.

Polícias alinhados
Tuk-tuk característico de Banguecoque

O homem cobra-me o equivalente a trinta cêntimos, mas só pago no destino. Havia ali ratoeira. Depois de ter visto mais uns templos e tirado algumas fotos, sou conduzido (já na penúltima paragem) a uma loja. O Tuk-Tuk tem patrocinador e é-me feito o convite para entrar. Estou agora numa loja de jóias. Não sei o que é que ele pensou de mim – sou um turista sujo e de havaianas… mas como turista é dinheiro, acho que tentou a sua sorte. Eu não estava minimente interessado, mas entrei. Quando acabou a visita, o homem tinha sumido! Não cheguei a pagar nada. Ele desinteressou-se por completo e pôs-se ao piro.

Regressado ao quarto, o meu corpo cede. Foi muita adrenalina gasta desde o Porto até Banguecoque. E ainda houve Londres, Hong Kong e Macau pelo meio. Sempre a correr de um lado para o outro.

texto adaptado a partir de uma crónica de viagem contada em http://www.blogclubedeleitores.com/