Do outro lado na penumbra, os camelos descansavam, tendo como pano de fundo um céu ardente e avermelhado, destacando as suas silhuetas num quadro perfeito.

Permanecemos em silêncio, com os olhos a brilhar, estarrecidos, apaixonados.

O silêncio só foi quebrado à hora do jantar. O dia tinha sido exaustivo e o corpo exigia mantimentos, amanhã seria mais um dia, e tudo seria igual a hoje.

A noite continuava quente, e enquanto estávamos sentados à volta da fogueira foram distribuídas as tendas, uma para cada duas pessoas.

Meti-me no meu saco cama e deitei-me na areia fofa, tendo como tecto um oceano de estrelas brilhantes, que quase se confundiam com o brilho dos meus olhos, e me protegeram durante a noite toda.

O dia alvorou, a estrelas tinham dado lugar ao sol que rompia ao fundo, e novamente em tons alaranjados, dando vida ao mar de dunas que se tinham escondido no breu da noite.

Comemos algumas coisas leves, acompanhadas com o tradicional chá de menta, e encetámos os preparativos para mais um dia de caminhada.

Uma a uma as dunas iam-se levantando, sonolentas e preguiçosas, espreitavam-nos umas por cima das outras, como se estivessem surpreendidas por termos despertado primeiro que elas.

A caravana partiu novamente pelas areias infinitas do deserto, à descoberta dos mistérios indefiníveis, perdendo-se ao longe no vazio, à procura do nada numa terra de tudo.

Sombra de camelo em Merzouga

Acampamento em Merzouga