Circundámos diversas ilhas, atravessámos canais, passámos sob muitas pontes enquanto a cidade revelava todo o seu encanto e beleza.
O passeio durou algumas horas que me pareceram breves minutos. Quando me despedi do Sr. Larson e lhe agradeci o privilégio que me deu ao proporcionar-me tamanho passeio, julguei ver um brilho especial nos seus olhos azuis.
“O privilégio foi meu. Obrigado pela companhia. O meu velho companheiro e eu agradecemos a preferência”, disse ele sorrindo. Despedimo-nos com um aperto de mão afectuoso. Tinha sido um passeio magnífico.
Com os pés em terra firme voltei-me para trás e acenei mais uma vez ao Sr. Larson decidido a visitar alguns dos locais por ele recomendados.
Embrenhei-me na cidade velha “Gamla Stan”. Aqui se encontra o Palácio Real, a Catedral de Estocolmo, o edifício do Parlamento e outros tantos edifícios de fachadas imponentes.
Não podia deixar de me perder na multidão que deambulava por ruelas estreitas e becos apertados, que enchia as esplanadas de colorido e vida, mesmo sob um sol tímido e um frio constante.
Foi numa destas esplanadas que fiquei até o sol me dizer “até amanhã”. Aceitei o convite de um restaurante acolhedor e deliciei-me com um belo prato de peixe.
Ficaria para o dia seguinte a continuação do meu périplo pela cidade. Num país que transborda de cultura a dificuldade está em ter tempo disponível para visitar os mais de setenta museus que a cidade de Estocolmo oferece.
Decidi-me por um ao ar livre. Por mais estranho que possa parecer, aqui, num país onde o frio abunda, existe uma proposta a não perder.
Skansen é um espaço magnífico. Grandes extensões de verde com inúmeras árvores e um zoo onde vários animais vivem nos seus verdadeiros habitats recriados para o efeito, podem ser apreciados pelos muitos visitantes que por ali passam diariamente.
Réplicas de casas e muitos utensílios de uso doméstico foram trazidos para recriar o modo de vida dos suecos de antigamente, desde nobres a camponeses.
De volta à cidade, atravessando parques verdes semeados de folhas douradas, percorrendo pontes, ruas e praças, acabei subindo à Torre do edifício da Câmara Municipal, com 106 metros de altura e que proporciona uma das panorâmicas mais deslumbrantes de Estocolmo.
O edifício da Câmara Municipal, símbolo da cidade é palco das festividades anuais do Prémio Nobel que se realizam num dos sumptuosos salões, o Salão Azul.
Nunca nos cansamos de percorrer as mesmas ruas. O ambiente em Estocolmo é deveras atraente. Quer seja de dia, onde o constante movimento dos muitos ciclistas que optam por este meio de transporte, ou de noite, onde a animação nocturna de bares e restaurantes confere à cidade um certo glamour.
Restava a manhã do dia seguinte. Havia de chegar o momento em que teria de me despedir desta cidade principesca.
Olhei o mapa e apontei a minha última visita para Skogskyrkogarden. Poderia parecer estranha esta minha opção, já que se trata de um cemitério, mas é um lugar que faz parte da lista de Património Mundial da UNESCO e que tinha curiosidade em conhecer.
Situado entre pinhais, dispondo de várias capelas e com enormes extensões de verde, o lugar convida-nos à introspecção.
O cansaço que senti ao percorrer a pé os 6 km desde o centro da cidade, dissipou-se assim que me deparei com aquele lugar tranquilo.
Ali, tive a perfeita noção de que somos todos diferentes, mas todos iguais.
De volta ao hotel para fazer o check-out e já instalado no autocarro que me levaria ao aeroporto, lancei um último olhar sobre a cidade, sentindo já uma doce nostalgia, apaixonado por ela, amarrado a ela como um barco amarrado ao cais.
É por estas e por outras que Estocolmo é uma das minhas cidades europeias favoritas. Ainda ontem estava a magicar viver lá por um mês.
A descrição, da forma apaixonada como foi feita, permite-nos adivinhar o porquê da doce nostalgia na despedida, o ultimo olhar de forma a garantir que a sua beleza iria ficar perpetuada na lembrança… como um barco amarrado ao cais.
Gosto da forma como me foi dada a conhecer a cidade… ficou no fim a doce vontade de me deixar amarrar pelos encantos de Estocolmo
Ainda bem que existem pessoas que partilham as suas experiências, para que quem ,nunca viajou até estas belas cidades fique com uma imagem do que são e ao mesmo tempo, com um desejo imoral de as visitar e absorver.
Este é um dos países dos meus sonhos e que infelizmente ainda não tive oportunidade de conhecer. E é claro que está na minha lista de prioridades, para disfrutar ao máximo e quem sabe vivenciar experiências idênticas.
Parabéns pelo texto. Conheci Estocolmo há já alguns anos e ao ler esta crónica, revi-me em todos aqueles lugares.
Espero que o autor do texto continue a fazer-nos viajar através da sua escrita.
Mais descritivo era impossível!!!
É sempre bom estarmos a ler uma história e sentirmos presentes na perspetiva de figura principal, mesmo que não tenhamos estado lá!!!
Muito giro!!
Fiquei amarrada à história e com desejo de conhecer Estocolmo.
Voltei a viajar por Estocolmo ao ler esta Crónica de Viagem. Este relato é um excelente convite para conhecer esta bela cidade. Até consegui sentir o ar frio que vem do mar, e ouvir o ranger das madeiras envelhecidas da embarcação do Sr. Larson.
Adorei a sensibilidade que foi colocada na história. Fiquei com vontade de conhecer Estocolmo, quem sabe se será já neste verão.