Filipe Morato Gomes, 41 anos, é um bom exemplo de alguém que ama incondicionalmente as viagens, sabendo receber o que elas têm verdadeiramente para oferecer. Licenciado na área da Informática pela Universidade do Minho, costuma dizer que é uma pessoa difícil de definir: é uma mistura de jornalista e fotógrafo de viagens, programador e designer gráfico e, como não podia deixar de ser, viajante profissional.
Depois de empreender uma volta ao mundo em 2004/05 durante cerca de 14 meses, publicou o livro “Alma de Viajante”, onde foram reunidas as experiências da viagem que mudou a sua vida para sempre. Antes de partir criou o site homónimo, actualmente uma das referências ao nível dos projectos de viagem escritos em português, do qual continua, aliás, a ser o responsável e editor. Colabora ainda com várias publicações, nacionais e internacionais, nomeadamente o suplemento Fugas do jornal Público, e promove workshops de escrita de viagens, além de ser tour leader no Irão para a agência de viagens de aventura Nomad.
No início desde ano decidiu partir para uma nova volta ao mundo, desta feita acompanhado pela mulher e pela filha. Durante um ano vai viajar em família e procurar desmistificar a ideia onde de que viajar com crianças é difícil ou perigoso.
Embora se encontre no outro lado do globo, neste momento em St. George, no Utah, o Filipe aceitou partilhar com os nossos leitores muitas das suas vivências, alguns segredos e aquilo que persegue com as suas viagens.
PSão mais de 11 anos de viagens, caminhos, encontros e desencontros. Afinal como é que se iniciou esta grande viagem? Como é que surgiram as viagens na tua vida?
RPubliquei a minha primeira reportagem em 2000, mas dedico-me às viagens a tempo inteiro apenas desde 2004. Muito antes disso, era eu uma criança, divertia-me a ouvir as histórias do meu avô sobre o transiberiano ou a Amazónia. Depois foram muitos anos de campismo com os meus pais, em Portugal, Espanha e França. Até que um dia comecei a acompanhar um blog de um jornalista norte-americano a dar uma volta ao mundo e decidi que haveria de fazer o mesmo.
PDepois de acabares os estudos universitários ainda chegaste a ter um emprego dito “normal”. Por algum instante pensaste que aquele poderia ser o teu caminho?
RForam anos bem divertidos, aqueles em que um bando de putos como eu andava a tentar convencer homens engravatados que a multimédia era fundamental. Criei software educativo multimédia, jogos interactivos, CD-ROMs empresariais, fiz directas a trabalhar ao ritmo de Red Bull e diverti-me imenso com uma equipa de pessoal fantástico, especialmente no IDITE-Minho, em Braga. Mas durante muito tempo andou lá um bichinho a dizer “qualquer dia despeço-me e vou dar uma volta ao mundo”.
PE o que te fez mudar de rumo? Em que circunstâncias se deu o “click” que te fez olhar para as viagens como um modo de vida?
RRecebi um convite para trabalhar no Porto e lá fiquei uns 3 anos. Certo dia, a empresa onde trabalhava fez um downsizing brutal e despediu-me juntamente com dezenas de outros colegas. Foi uma das melhores coisas que me aconteceu na vida! (risos)
PAcreditas que numa viagem há sempre o partir, mas também o voltar?
RAcredito que sim, quase sempre. Eu gosto de regressar. Sabe-me bem ter um lugar que seja de facto a minha casa. Mas não quer dizer que algum dia não possa mudar de opinião e viver em itinerância permanente (risos).
POlhas para a tua vida como uma viagem permanente?
RClaro. Só assim isto tem piada.
PHoje pode-se dizer que profissionalmente vives totalmente das viagens? É uma profissão que se pode considerar rentável ou é mais o correr atrás de uma grande paixão?
RSim, vivo totalmente das viagens, mas não apenas das publicações impressas. Há múltiplas facetas (reportagens, workshops, projectos online, guia de viagens de aventura) e tudo somado vai dando certo. Mas ninguém viaja para ser rico, mas sim para ser feliz. E eu sou feliz.
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É verdade! Como é referido logo no início, o Filipe é alguém que ama incondicionalmente as viagens, sabendo receber o que elas têm verdadeiramente para oferecer. O seu exemplo é inspirador e as suas palavras um convite a partir. Sem medos, constrangimentos ou receios.
bela entrevista!