Mar Báltico. Localizado no extremo nordeste da Europa, banha boa parte da Escandinávia, Polônia e três ex-repúblicas soviéticas, que, a distância e pelo nome, dão a impressão de serem muito parecidas: Estônia, Letônia e Lituânia. Quando na verdade são muito diversas e encantam cada qual a sua maneira tornando uma viagem pela região repleta de descobertas a cada nova cidade e paisagem. Desde 2004 os três países são membros da União Europeia e a cada dia estão se integrando mais ao restante do continente. Tudo isso tem facilitado o turismo e viagens por essa parte do continente ainda pouco explorada. A recente adesão ao Euro em dois dos países (Estônia 2011 e Letônia 2014), o passado soviético e a percepção do turismo como fonte de renda – hoje o turismo representa 15% do PIB da Estônia, por exemplo – faz com que os preços ainda sejam bastante baixos se comparado a outros países europeus. Na Lituânia a presença da moeda litas (Lt) deixa o custo de vida e de viajar ainda mais baixo.
As opções para viajar pelos países são muitas, as companhias aéreas europeias low-cost já possuem voos diários de diversas capitais para Tallin, Riga e Vilnius, a região é muito bem servida de ônibus que vão para Polônia, Alemanha e República Tcheca, os trens também são uma alternativa, mas são mais lentos e com preços muito próximos aos dos ônibus. Aqueles que possuem maior disponibilidade financeira, podem, conhecer esta porção do continente em um dos muitos cruzeiros que navegam pelo Mar Báltico, especialmente no verão. As opções de hospedagens também são variadas, desde hotéis de luxo, hotéis budget e contando nos últimos anos com a popularização de hostels e campings. Outra alternativa muito comum, principalmente para os meses de primavera e verão, quando os dias são mais longos e quentes, são os motorhome e trailers, que dão ao viajante a possibilidade de escolher onde dormir a cada noite e também uma maior mobilidade, embora a locomoção não seja um problema nos três países, os ônibus sãos bastante confortáveis e com uma boa frequência entre uma cidade e outra.
Apesar das muitas diferenças os três países possuem aspectos históricos em comum e que tem consequências diretas a suas vidas contemporâneas. Cada país a sua maneira, dá grande destaque para as diferentes ocupações autoritárias e violentas que, as hoje, repúblicas sofreram durante todo o século XX. As capitais Tallin, Riga e Vilnius possuem todas, museus que retratam as ocupações nazista e soviética que os países estiveram submetidos entre 1940 e 1991. Além disso, tais museus tratam da memória e história daqueles que resistiram às ocupações, deixando vivo um passado que ainda é muito dolorido para muitas gerações. A Lituânia foi a primeira república soviética ocupada a se tornar independente da União Soviética e a recuperar sua soberania através da declaração da independência de 11 de Março de 1990, Letônia e Estônia conquistaram suas independências um ano mais tarde. Os estonianos desde 1869 celebram um Festival de Música Popular todos os anos, em 1988, tal festival reuniu mais de 45 mil pessoas cantando pela independência frente a URSS, ficando conhecido como “Revolução cantada”, e desde então todos os anos a população da Estônia sai às ruas no mês de julho para celebrar sua independência cantando.
Apesar de um passado recente de autoritarismo e violência, hoje os três países vivem um momento único de paz e prosperidade o que faz da passagem pela região algo inesquecível. Uma boa sugestão de roteiro é, partindo de Tallin (Estônia), ir em direção ao sul até chegar em Vilnius (Lituânia), explorando todas as possibilidades que surgirem pelo caminho. A Estônia surpreende o visitante por seu aspecto rural e simples, muito mais próximo da Finlândia, tanto em relação à língua quanto a alguns aspectos culturais. Com apenas 1,4 milhão de habitantes, as paisagens planas e campestres são destaque no horizonte. Tallin, a capital, é uma cidade que com pouco mais de 400 mil habitantes traz uma mescla incrível: o centro histórico medieval destaca-se por seu charme, suas igrejas – a cidade é privilegiada pela mistura de igrejas ortodoxas, presbiterianas e católicas – os prédios históricos, suas vielas de paralelepípedo fazem você sentir voltar no tempo. No topo da colina no centro da cidade há uma incrível vista da baía de Tallin. Ao mesmo tempo, os bairros do lado de fora da muralha são marcados por prédios e shoppings modernos, tudo em meio a muito verde e parques públicos. Um pouco mais afastados estão os grandes conjuntos habitacionais soviéticos, onde a arquitetura funcionalista toma forma no horizonte. Em toda a cidade alguns antigos edifícios soviéticos estão abandonados e dão um ar misterioso, mostrando que aquele lugar tem um passado que não lhe pertence mais e um futuro que ainda promete muito.
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